Melbourne – A gora assumindo a condição de gênio das quadras de tênis, Roger Federer voltou a fazer história. Conquistou o tricampeonato do Aberto da Austrália ao bater Fernando González por 7/6 (7/2), 6/4 e 6/4. Com apenas 25 anos, ganhou o seu 10.º troféu de Grand Slam e aproxima-se rapidamente do recorde de 14, que pertence ao americano Pete Sampras. É o primeiro homem desde Bjorn Borg, em 1980, a ganhar um torneio dessa categoria sem ceder um set sequer.
O suíço chega à sua 36.ª vitória consecutiva e passa a ser o único tenista a vencer por três vezes três diferentes torneios de Grand Slam -Austrália, Wimbledon e US Open – em três tipos de piso. Em entrevista após a nova conquista, Federer reconheceu a condição que muitos observadores já lhe atribuíam. ?Acho que sou o melhor jogador de tênis do mundo, e podem me chamar de gênio porque me imponho sobre muitos de meus rivais?, afirmou.
Mas o número 1 do mundo, já considerado um dos melhores de todos os tempos, não está satisfeito. Falta a taça dos Mosqueteiros, ou seja, reinar também em Roland Garros, em Paris – o Grand Slam que ainda falta em seu currículo.
?Quebrar recordes, fazer coisas que não se conseguia há muitos anos, é muito legal, sem dúvida?, disse Federer. ?Mas, para mim, ainda é um sonho fechar o Grand Slam. Estou melhorando a cada ano nas quadras de saibro, e quem sabe na próxima final de Roland Garros o Nadal não esteja lá ou, se estiver, que eu possa vencê-lo.?
Este tipo de frustração já atingiu outros geniais jogadores da história, como Pete Sampras, que em sua repleta prateleira de troféus não obteve nenhum em Roland Garros. Ou mesmo o tcheco naturalizado americano Ivan Lendl, que venceu tudo, mas jamais na grama de Wimbledon.
A situação de Federer parece ser mais confortável. Se Sampras, por exemplo, só conseguiu um troféu importante no saibro, em Roma, o tenista suíço pode orgulhar-se de três títulos em Hamburgo, além de uma final em Roma.
Federer revela talento para também liderar nas quadras de saibro. Já esteve na final de Roland Garros do ano passado – aliás, a única decisão de onze Grand Slams que perdeu, justamente para o espanhol Rafael Nadal. Seu jogo parece estar um nível acima dos demais tenistas.
E o suíço não revela problemas de condicionamento físico, como acontecia com Sampras, que sentia dificuldades para suportar longas trocas de bolas no saibro, ou as restrições técnicas de Lendl, que não desenvolveu golpes fundamentais para a grama, como o slice – ou seja, a bola cortada -, uma das mais eficazes armas de Federer.
O chileno Fernando González constatou todos os recursos invejáveis de Federer e deixou a quadra conformado com o vice-campeonato. ?Só tenho de congratular Federer novamente, e novamente?, disse González, que perdeu a 10.ª partida para o número 1 do mundo. O consolo é que o chileno irá aparecer hoje com o seu melhor ranking, a 5.ª colocação.