Hoje será um dia especial para Aroldo Fedato. O craque que por 19 anos vestiu a camisa número 2 de zagueiro do Coritiba – quando a armação de um time respeitava outra orientação -, lança o livro Fedato, o estampilla rubia, escrito em parceria com o jornalista Paulo Krauss, no qual descreve sua trajetória e as "peripécias" do futebol de sua época, um tempo onde havia mais romantismo, paixão e identificação entre jogadores e suas equipes. Na obra, porém, Fedato não se refere apenas ao futebol, mas conta ainda como era a Curitiba daqueles tempos.
Na opinião de Fedato, embora houvesse uma grande rivalidade, dentro das quatro linhas, entre Coritiba e Ferroviário, a história do clássico Atletiba foi de longe o que mais mexeu com a comunidade da capital do Estado e, em alguns momentos da história, até mesmo com o mundo da bola de todo o Paraná. "A rivalidade entre atleticanos e coritibanos sempre extrapolou o campo de jogo", revelou Aroldo, para quem a história deste confronto é de longe a de maior rivalidade dentro do Paraná.
"Houve uma época que torcer para um dos dois times chegava a causar inimizade entre pessoas e até mesmo entre famílias", pondera Fedato, que conta um fato curioso, típico daquela época: "Os clubes tinham suas sedes no centro da cidade. A do Atlético ficava na Rua XV e a do Coritiba era na Barão do Rio Branco. Os atleticanos se reuniam no Café Belas Artes e os coxas no Café Rio Branco. Só o fato de um jogador ou torcedor adversário passar em frente a um desses pontos de encontro das torcidas gerava briga. Era entendido como um ato de provocação. Isso só mudou após o Jofre Cabral Filho ter assumido o Atlético e eliminado esse tipo de atitude", revela Fedato.
Para ele, outro detalhe importante é que o Atletiba marca a vida de um jogador, tanto de um lado quanto de outro. Um detalhe, porém, Fedato reitera: "Jogar contra o Atlético é um momento especial para qualquer jogador. É um time que merece respeito, pois tem uma mística muito forte", opina um dos maiores zagueiros da história do Coritiba em todos os tempos, cujo apelido (estampilla rubia), foi uma homenagem em espanhol pela forma como ele "grudava" nos atacantes os quais tinha a obrigação de marcar.
Jogo de oito minutos foi o que mais marcou
Para Fedato, no entanto, o Atletiba que mais o marcou foi o do segundo turno do campeonato de 1946. Era a segunda temporada de Fedato no Cori, e o jogo começou em alta velocidade. Logo a 2min, os coxas abriram o placar. O Atlético deu o troco em seguida. Mas foi num escanteio, aos 8 minutos de bola rolando, que o jogo terminou: o goleiro Belo jogava de boné, por ter vergonha de ser calvo. Tireno, o centroavante atleticano, sabia disso e "roubou" o boné do guarda-metas. Neste momento, ingenuamente, Belo saiu correndo atrás de Tireno, até o meio de campo. O árbitro expulsou Belo, atitude que revoltou os alviverdes, que exigiam a expulsão do atleticano também. O árbitro manteve sua posição e os coxas se recusaram a continuar jogando. Nos tribunais, perderam os pontos.
Além dessa história, com muitos outros detalhes e mais molho, o livro terá seu lançamento hoje, a partir das 19h, no mezanino do Memorial de Curitiba (Rua do Rosário, 160, Largo da Ordem).