Confiantes e embalados na temporada, Bruno Soares e Marcelo Melo terão em Wimbledon uma oportunidade de ouro para encerrar um jejum de 50 anos sem títulos brasileiros na grama de Londres. Ao lado dos seus respectivos parceiros, os duplistas são os favoritos a repetir a conquista obtida por Maria Esther Bueno, também nas duplas, em 1966. Desde então, o Brasil só brilhou nas chaves juvenis no mais antigo e tradicional Grand Slam do circuito profissional.
Por coincidência, tanto Bruno Soares quanto Marcelo Melo chegam em Wimbledon no embalo de dois títulos seguidos na grama. Melo e o polonês Lukasz Kubot venceram em Hertogenbosch e Halle, enquanto que Soares e o escocês Jamie Murray foram campeões em Stuttgart e Queen’s. “Nunca chegamos tão bem preparados, tão confiantes para jogar aqui”, disse Soares ao jornal O Estado de S.Paulo.
Ele terá uma motivação a mais para brigar pelo título. Seu parceiro, Jamie Murray, sonha com o primeiro troféu em casa. “Ele mora a cinco minutos daqui. Teremos toda a torcida a favor. Ganhar em Wimbledon é um sonho antigo dele”, afirmou o brasileiro, que já faturou dois Grand Slams com o escocês, ambos em 2016.
Marcelo Melo chega ao torneio britânico ainda mais confiante. Ele e Lukasz Kubot formam a melhor dupla da temporada. “É o meu torneio favorito”, disse o duplista, vice-campeão em Londres em 2013. Assim como Bruno Soares, Melo se surpreende com o grande rendimento nos dois torneios preparatórios que disputaram e ganharam. “Minha avaliação é que, juntos, nos acostumamos até rápido demais ao piso”.
Nas duplas, o Brasil ainda terá Marcelo Demoliner, o veterano André Sá, e Thomaz Bellucci e Rogério Dutra Silva, que jogarão juntos. Os dois também estarão na chave de simples, com Thiago Monteiro. Ele e Bellucci enfrentarão qualifiers na estreia e têm maiores possibilidades de avançar. Rogerinho, contra o francês Benoit Paire, tem chances remotas de vencer na abertura.
O favoritismo em simples é todo de Roger Federer. E não somente pelo histórico de sete títulos na grama de Wimbledon. Campeão em Halle, o suíço ampliou a sua preparação para brilhar em Londres, sua maior meta da temporada. Até abdicou do giro europeu de saibro, incluindo Roland Garros, para chegar na melhor forma possível ao Grand Slam britânico.
Seus maiores obstáculos ao recorde oitavo título são o espanhol Rafael Nadal, o local Andy Murray e o sérvio Novak Djokovic. O trio, contudo, é uma incógnita em Wimbledon. O campeão de Roland Garros não foi testado na grama – e sofreu uma dura derrota para o checo Tomas Berdych em jogo-exibição. Murray perdeu o único que disputou sobre o piso e reclamou de dores no quadril nos últimos dias. Djokovic foi campeão em Eastbourne, mas enfrentou rivais de menor expressão e vem de temporada irregular, sem títulos de peso.
No feminino, o Brasil será representado por Beatriz Haddad Maia. Em seu segundo Grand Slam da carreira, a confiante número 1 do País pode vencer a local Laura Robson na estreia e assustar a favorita Simona Halep na segunda rodada.
A romena está na restrita lista de favoritas ao título deste ano. Despontam neste grupo as checas Petra Kvitova e a Karolina Pliskova. De volta ao circuito profissional, após sofrer um ataque a faca em dezembro, a primeira foi campeã logo em seu segundo torneio, na grama de Birmingham. Tem na bagagem dois troféus de Wimbledon. Pliskova vive grande fase, com título em Eastbourne e a maior regularidade na temporada entre as tenistas do topo.
A alemã Angelique Kerber, a espanhola Garbiñe Muguruza e a polonesa Agnieszka Radwanska correm por fora nesta briga, todas tentando capitalizar a ausência de Serena Williams. As três foram as últimas vítimas nas recentes finais protagonizadas pela norte-americana, que está grávida. Atual campeã, ela não competirá em Londres pela primeira vez desde 2006.
BRIGA PELO TOPO – Três tenistas podem acabar na liderança do ranking da WTA ao fim de Wimbledon. Angelique Kerber, atual número 1, pode ser desbancada por Karolina Pliskova e Simona Halep. Pliskova é a atual número 3 do mundo e tem poucos pontos a defender em Londres. Já a romena terá a sua segunda chance de despontar na lista. A primeira foi na final de Roland Garros, quando caiu diante da letã Jelena Ostapenko.
No masculino, Andy Murray está sob ameaça de Rafael Nadal, Novak Djokovic e Stan Wawrinka – Roger Federer não tem chances matemáticas de retomar o topo. Para assegurar a primeira colocação, o tenista da casa precisa ao menos chegar à final. Se tropeçar antes, o atual campeão terá que torcer para que Nadal não atinja as oitavas de final. E ainda para que o título não acabe nas mãos de Djokovic ou Wawrinka.