Candidato apontado como favorito para vencer a eleição da Uefa, agendada para esta quarta-feira, Aleksander Ceferin criticou nesta terça o acordo fechado para assegurar quatro vagas para cada um dos quatro principais torneios nacionais na Liga dos Campeões da Europa.
Em entrevista à agência de notícias The Associated Press, Ceferin expressou insatisfação pelo órgão ter atendido as demandas da Espanha, Alemanha, Inglaterra e Itália, que lhes garantem ficar com 16 das 32 vagas na fase de grupos da Liga dos Campeões entre 2018 e 2021, ao invés das 11 atuais, espremendo as ligas menores, incluindo a Eslovênia do candidato.
“O problema é que não sabíamos nada do que estava acontecendo, isso não pode acontecer de novo”, disse Ceferin, em Atenas, nesta terça-feira. “Não é frustrante apenas para mim; é frustrante para todas as 55 associações nacionais. O processo não foi correto porque não foi bem comunicado. Ninguém sabia o que estava acontecendo. Havia um grupo que decidiu, e a falta de comunicação é o principal problema para clubes e associações nacionais estarem loucos agora”.
O sistema de qualificação atual, com uma equipe do Campeonato Inglês, uma do Espanhol, uma do Alemão e uma do Italiano disputando um playoff para alcançar a fase de grupos da Liga dos Campeões, é o “modelo ideal”, disse Ceferin.
Mas a Uefa anunciou em agosto o novo acordo, que auxilia as equipes mais poderosas, depois de meses de negociações com a influente Associação Europeia de Clubes, cujos membros chegaram a ameaçar com a criação de um Super Liga, que envolveria os principais times do continente.
Ceferin, que concorre pelo direito de concluir o mandato presidencial de Michel Platini, que vai até 2019, garantiu que “qualquer Super Liga está fora de questão”. “É uma moeda de troca”, disse Ceferin, o presidente da federação eslovena.
“Estou certo de que eles não querem deixar a Uefa e as competições da Uefa. Seria chato jogar em alguma liga fechada e isso significará guerra com a Uefa”, acrescentou. “Eles são partes interessadas importantes, eles trazem muito dinheiro para a Uefa, e nós temos que nos sentar com eles, as 55 associações e os clubes, e falar sobre como devemos fazer no futuro”.
A eleição presidencial será realizada nesta quarta em Atenas com a disputa entre Ceferin e o holandês Michael van Praag, de 68 anos, vice-presidente da Uefa. Ceferin, de 48 anos, garante ter o apoio de 32 dos 55 membros da Uefa para suceder Platini, que está afastado de qualquer atividade ligada ao futebol.
“A Uefa não está quebrada, a opinião pública é pior do que realmente está a Uefa”, disse Ceferin. “Temos que trabalhar na transparência. Temos de adotar limites de mandato para presidentes e membros do comitê executivo, porque você não pode ficar em uma determinada posição por 20 anos. Nós vimos no passado recente o que acontece se você fica lá por muito tempo. Você acha que você possui a organização”.