O ano de 2007 pode ser muito especial para o automobilismo brasileiro. Depois de muito tempo, podemos conquistar um título mundial.
O que se fala de Felipe Massa em todo o Brasil, por causa da Fórmula 1, pode ser aplicado também a Augusto Farfus Júnior. Ele larga hoje, às 12h20 (o horário confirmado pelos organizadores), na primeira prova do Campeonato Mundial de Turismo da FIA (WTCC), como um dos favoritos ao título.
O piloto curitibano entra em igualdade de condições com o atual bicampeão, o inglês Andy Priaulx – eles estão com o mesmo equipamento, provido pela equipe oficial da BMW. Eles não são companheiros, porque Priaulx defende o chamado BMW Team UK, enquanto Farfus está no Team Germany, ao lado do vice-campeão em 2006, Jörg Müller. Mas os ajustes são praticamente os mesmos.
A variação fica no trabalho dos engenheiros e dos pilotos em acharem a melhor configuração para cada corrida. O que, no Autódromo Internacional de Curitiba, não é muito fácil. ?As ondulações da pista atrapalham muito?, reconhece Augusto Farfus, que não tem a pretensa vantagem de correr ?em casa? porque pouco andou no circuito. Para valer, só mesmo na prova do ano passado – experiência igual à dos outros pilotos que estavam na categoria na última temporada.
Mesmo assim, ele sabe que tem maior pressão, por estar na sua terra – até porque todo o material promocional da corrida tem ou foto dele ou a foto do carro número 3. Augusto tem consciência de que está apenas no início do trabalho na BMW – ele passou as últimas duas temporadas na Alfa Romeo. ?Eu estou me adaptando à equipe, e por enquanto está tudo bem. Mas é muito cedo para imaginar alguma coisa, para fazer alguma previsão?, avisa.
Tudo para evitar a empolgação, natural para um País que adora automobilismo, desde que nossos pilotos ganhem tudo. No Paraná, Farfus passou a ser o grande destaque, assumindo um posto principal – e com a chance de levar o Estado a um título mundial, o que não acontece desde a conquista de Raul Boesel no Mundial de Marcas, em 1987.
E é no autódromo que tem o nome de Boesel que Augusto Farfus Júnior começa uma caminhada que ele espera terminar com sucesso em novembro, após onze finais de semana do WTCC, com 22 provas. E o início perfeito significa vencer em casa. ?Espero que o pessoal vá ao autódromo para ver uma grande prova, e esteja torcendo por uma vitória do Farfus?, finaliza o piloto curitibano.
Estilo da prova é mantido, apesar da mudança de regras
O Campeonato Mundial de Turismo da FIA teve algumas alterações em seu regulamento e na mecânica da disputa. Mas a base do que se viu em Curitiba ano passado vai se manter – provas curtas, com muitas ultrapassagens e toques, e com a inversão parcial do grid da primeira para a segunda corrida do dia. Hoje, as provas no Autódromo Raul Boesel, em Pinhais, estão marcadas para as 12h20 e 15h20. A mudança mais visível será vista logo na largada.
As primeiras provas de cada final de semana terão largadas lançadas, como as da Nascar e da Stock Car. A alteração tem explicação simples – a largada lançada geralmente é mais ?agitada?, e premia o piloto mais inteligente e rápido. Nas segundas corridas, a largada continua normal, com os carros saindo nas posições do grid.
A outra alteração que mexe com o público é o espaçamento entre cada etapa. Ao contrário do que aconteceu ano passado, quando cada corrida era separada por poucos minutos, agora as equipes terão quase duas horas e meia para recuperar carros e buscar novos acertos. Em Curitiba, no ?vácuo? do WTCC entram provas da Copa Clio e do Brasileiro de Marcas.
Mas as corridas continuam sendo de curtíssima duração. No Autódromo Internacional de Curitiba, serão duas provas com apenas 14 voltas, que não devem chegar a meia hora de duração cada uma. A intenção dos organizadores, além de fazer uma competição que pode se adequar rapidamente às grades das emissoras de TV, é permitir que cada etapa tenha o máximo de competitividade – até porque os pilotos não têm tempo para abrir vantagem.
A outra característica peculiar do WTCC é a inversão parcial do grid de largada da primeira para a segunda corrida. A primeira prova tem definição das posições no treino de classificação. Para a seguinte, o grid é aberto com o oitavo colocado na prova anterior – o sétimo passa a ser o segundo e assim sucessivamente, até o vencedor, que passa a ocupar a oitava posição. Dali em diante, valem as posições finais da corrida.
Também continua a aplicação do lastro nos carros. Para a prova de hoje, todos os pilotos entram na pista com 10 quilos a mais. Nas próximas, vale a soma de pontos da etapa anterior para definir quanto cada carro levará. A pontuação é igual à Fórmula 1, com o vencedor de cada corrida levando dez pontos, o segundo ficando com oito, o terceiro com seis, o quarto com cinco, o quinto com quatro, o sexto com três, o sétimo com dois e o oitavo com um.