Falta de clima originou saída de Paulo Campos

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Campos trocou elogios e motivação
por críticas e dividiu os jogadores
na hora do apoio.

Nas suas duas passagens pelo Paraná Clube, o técnico Paulo Campos ficou conhecido por falar muito, fácil, fluente e com galanteio e empolgação. Era uma arma de persuasão, para o elenco ou a torcida – via imprensa. Mas também foi pela boca que ele foi traído e deixou o clube na noite de anteontem.

Cedo ou tarde, a verdade aparece. E ontem, o verdadeiro motivo que ocasionou a saída do técnico Paulo Campos do comando Tricolor apareceu, através do presidente José Carlos de Miranda. O dirigente, sem papas na língua, confessou que a cúpula tricolor tentou segurar o treinador, mas que o clima já não era dos melhores. "Fizemos o churrasco ontem (terça-feira) para tentar quebrar o clima entre o treinador e alguns jogadores. Esperávamos uma reconciliação. Mas sentimos que não tinha mais volta e acabamos aceitando o pedido de demissão dele."

Segundo consta, Campos já havia demonstrado o desejo de sair da Vila após a derrota no clássico, domingo. "Tentamos contornar, mas a decisão já estava tomada. No evento, vimos que realmente não havia mais jeito."

O clima ruim entre Campos e parte dos jogadores começou logo após a derrota para a Adap, há uma semana. Ao contrário de sua postura habitual, de sempre exaltar os jogadores, Campos disparou uma metralhadora giratória, dizendo que o Tricolor não tinha qualidade no elenco. Sobrou até para a diretoria, que teria contratado peças de reposição abaixo das esperadas para suprir as ausências ocasionadas com o fim da temporada. As declarações apimentados de Campos provocaram chateação em parte do elenco e o que se sentiu nos dias que sucederam o ocorrido, foi um elenco dividido. Uns saíram em defesa do treinador e cobraram mais atitude dos jogadores. Outros, sentiram-se desrespeitados. Com o clima criado, ficou difícil administrar a crise interna.

Os dois únicos que mostraram descontentamento com as declarações do treinador publicamente foram o zagueiro Fernando Lombardi e o volante Messias.

"Esperávamos uma manifestação de apoio, o que não aconteceu. Como é mais fácil mexer apenas no treinador do que mudar parte do elenco, aceitamos o pedido de saída", disse Miranda. A alegação de Campos para o pedido de demissão foi dar uma nova motivação ao grupo. Por ora, quem assume e comanda o time para a partida contra a Roma, domingo, às 16h, em Apucarana, é o auxiliar Júlio César Camargo.

Reações

O atacante Renaldo, um dos líderes do elenco, não escondeu que se surpreendeu com a saída do treinador, já que a diretoria havia confirmado a permanência do comandante um dia antes. "O churrasco que era para unir o grupo acabou virando festa de despedida para ele. Mas jogador não tem que ficar pensando nessa história de comando. Independente de quem seja o treinador, a função do atleta é dar o melhor de si pelo time. Se cada um fizer a sua parte, o time ."

Sandri depende de outras propostas

O empresário Juan Figger pode não ser o nome forte por trás do Paraná Clube, mas vai depender dele a contratação do novo técnico do Paraná Clube. Lori Sandri, que já acertou até mesmo as bases salariais com o tricolor, espera um aval de Figger, que administra a sua carreira, para assumir o comando na Vila Capanema.

"O escritório do Figger administra a minha carreira desde janeiro e não decido sozinho. Segundo me foi informado, existe uma sondagem do futebol mexicano e outra do japonês", disse. De férias em sua fazenda em Goioerê, o treinador pediu um prazo para a diretoria tricolor – no máximo até amanhã – para definir a sua situação.

A empolgação com a possibilidade de comandar o tricolor tem a ver com acontecimentos que ficaram no passado. À época que exercia a carreira de professor, Miranda costumava ministrar palestras e dar aulas para futuros treinadores. E Lori foi seu pupilo. "Lembro que a gente comentou que um dia eu seria treinador dele. Isso pode acontecer agora, depois de tantos anos."

Outro motivo determinante para o acerto do treinador é o fato de seu filho, Lori Paulo Sandri Júnior, ser auxiliar da preparação física no Paraná. "Ele está lá há algum tempo e facilitaria o conhecimento do time mais rápido", disse.

Confirmado

Se Lori ainda não sabe se trabalhará mesmo na Vila, o mesmo não pode se dizer do zagueiro André Leone, que ganhou seus direitos federativos na Justiça na semana passada. O último clube em que jogou foi o Ituano e ontem o vice-presidente do Paraná Clube, Zé Domingos, confirmou o fim da novela, que já se estendia há uma semana. "Na verdade, houve o acerto verbal. Mas só considero jogador do Paraná quando estiver aqui treinando, na Vila." Pelo combinado por telefone, André se apresenta no período da manhã, quando assina contrato.

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