Entra ano, sai ano, e as reclamações contra a arbitragem continuam sendo uma rotina para os clubes paranaenses que disputam a primeira divisão do campeonato brasileiro. A diferença em 2002 diz respeito à relativa traqüilidade que domina o reino atleticano. Conhecida por tecer duras críticas aos árbitros, a diretoria rubro-negra tem reclamações mais amenas nesta temporada, talvez pelo respeito maior que a equipe adquiriu com a conquista do Brasileiro de 2001. “A única queixa que temos é de ordem disciplinar. Temos atletas muito rápidos e às vezes as defesas adversárias exageram”, diz o presidente do clube, Mário Celso Petraglia, dando como exemplo o excesso de entradas duras do zagueiro Odvan em cima de Dagoberto, na vitória em cima do Botafogo, na última quarta-feira.

Em compensação, Coritiba e Paraná foram prejudicados em praticamente todas as partidas e em alguns casos, as falhas da arbitragem representaram perda de pontos preciosos. Na partida entre Paraná e São Paulo, por exemplo, o árbitro Leonardo Gaciba da Silva deixou de marcar um pênalti em Márcio, que poderia representar o empate em 3 a 3. “Nesse mesmo jogo, os são-paulinos fizeram pressão no árbitro o tempo todo”, lamenta o superintendente do Tricolor, Ocimar Bolicenho. Na parte disciplinar, quem não tem levado sorte é o volante Sidney, expulso duas vezes na temporada, e o zagueiro Cristinao Ávalos que, além de excluído na partida contra a Portuguesa, ainda sofreu um revés no tribunal: pegou pena de três jogos de suspensão.

A diretoria paranista está consciente do problema, mas lamenta não ter a solução ao alcance. “Nós podemos formalizar todas as reclamações, mas o departamento de arbitragem da CBF não dá abertura e acumula essa papelada, muitas vezes sem dar a devida atenção. Nos sentimos como no que diz respeito às cotas de televisão: estamos descontentes com as regras do jogo, mas somos obrigados a aceitar”, explica.

No Coritiba, a idéia de formalizar as reclamações não está descartada. Hoje à tarde o secretário do Conselho Administrativo do clube, Domingos Moro, entra com uma representação formal junto à Federação Paranaense de Futebol (FPF), que tem a obrigação de encaminhar a questão à comissão de arbitragem de CBF. “Não podemos nos calar. Para se ter uma idéia, no jogo contra o Palmeiras registramos o menor número de erros de arbitragem. E olha que o árbitro deixou de marcar um pênalti, que poderia mudar o placar, e ainda deu o terceiro amarelo para o Adriano”, reclama. Aliás, o ágil lateral-esquerdo do Alviverde, tem sido vítima de cartões injustos. Contra Flamengo e Fluminense, ele também sofreu penalidades não marcadas e foi advertido com cartões amarelos. “Agora o perdemos para o jogo contra o Vasco, que será disputado São Januário. Já estamos prevendo uma situação complicada no alçapão cruzmaltino”, disse Moro. Para completar a série de reclamações referentes à arbitragem, o Coritiba recebeu anteontem a notícia do Tribunal de Justiça Desportiva de que o zagueiro Pícoli terá de cumprir mais dois jogos de suspensão. Na oportunidade em que foi excluído, a justificativa da arbitragem foi uma punição a reclamações excessivas por parte do atleta, à época capitão do time.

Caminho

Sem a representatividade dos times cariocas e paulistas na CBF, os clubes de Curitiba buscam o único caminho para a tentativa de ser ouvidos e ter os problemas amenizados: a FPF. O chefe da comissão de arbitragem da federação, Fernando Homan, assegurou que mantém contato direto com o presidente da comissão de arbitragem da CBF, Armando Marques.

“O contato é viável, mas precisamos de reclamações formalizadas. Elas são repassadas à CBF e chegam às mãos da comissão de arbitragem da CBF, explica o dirigente. Segundo Homan, Marques tem o hábito de chamar a atenção dos árbitros que têm falhas apontadas. “Se ele considera as reclamações procedentes, chama o árbitro em questão para a conversa”, diz.

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