São Paulo – Driblar, quando necessário. Menosprezar o adversário, nunca. Esse é o lema que Falcão pretende seguir em sua carreira no futebol, com a camisa do São Paulo. E, para explicá-lo, citou o argentino Carlos Tevez, do Corinthians, como exemplo a não ser seguido. "O que ele fez na final da Copa América contra o Brasil foi um desrespeito muito grande. Ficou passando o pé na bola, ironizando os jogadores brasileiros. Eu nunca faria isso, acho que não é muito profissional", disse ontem, em visita à unidade da Febem, em Pirituba.
Famoso pela facilidade com que dribla no futsal, Falcão diz que, no São Paulo, será um jogador muito menos "malabarístico" do que em seu antigo esporte. "Vou usar o drible como forma de chegar ao gol e não para humilhar ninguém. Quero colocar os companheiros na cara do gol, com um drible ou um passe. Sei que os zagueiros vão tentar me intimidar, mas eu sou do tipo que joga melhor quando leva um pontapé. Cresço no jogo".
Falcão assinou nesta terça um contrato de seis meses com o São Paulo. Ainda não resolveu a sua situação com o Malwee Jaraguá, time gaúcho de futsal que defendia. Voltou de Jaraguá do Sul (SC), onde apresentou algumas propostas para quitar a multa de R$ 400 mil reais que teria de pagar pelo rompimento do contrato. "Sugeri que utilizassem a minha imagem por seis meses e que ficassem com a renda de um jogo de despedida. Meu relacionamento com eles é bom e tenho certeza que vão aceitar".
Não é bem assim. Os dirigentes do Jaraguá continuam criticando Falcão e a pendência pode continuar. Em último caso, ele vai romper o contrato unilateralmente e esperar que a Justiça decida se deve pagar ou não a multa.
Hoje ele vai fazer exames médicos e exercícios de musculação em uma academia em Itu (SP), onde descansa, em sua casa. No dia 14, se apresentará ao São Paulo, com grandes sonhos. "Gostaria de ser adorado por todas as torcidas, como o Robinho é. Ele conquistou essa admiração com muito esforço. Eu já chego ao futebol com isso adquirido. Tomara que consiga manter", diz.
Além de Falcão, o São Paulo acertou com os volantes Mineiro e Josué. O time busca um meia e um atacante, mas as negociações não caminham bem. O clube aguarda que o Al-Ittihad, da Arábia Saudita, libere o meia Tcheco, que ainda tem um ano e oito meses de contrato. Como os árabes contrataram Petkovic, as possibilidades aumentaram. Para o ataque, as opções existentes são a contratação de Cláudio Pitbull, Fabrício Carvalho e Luizão.
Se for confirmada a proposta de um milhão de euros (R$ 3,6 milhões) do Stuttgart, da Alemanha, por Pitbull, o São Paulo não terá como disputar o jogador. O mesmo acontece em relação a Fabrício Carvalho e o Rennes, da França, e o Gamba Osaka, do Japão, e Luizão, que deverá acertar com o Corinthians.
Dificuldades
Juvenal Juvêncio, diretor de futebol do São Paulo, está jogando a toalha em relação à possibilidade de contratação de reforços. "A tendência é que a gente vá com o nosso elenco atual para o Paulista. E continuamos a luta para reforçar o elenco que disputará a Libertadores".
Craque leva alegria aos garotos da Febem
São Paulo – A chuva impediu que Falcão batesse uma bolinha com os internos da Febem. O que não impediu uma empatia enorme entre o ídolo e os garotos. E, curiosamente, o nome de um time rival era mais citado que o do São Paulo. "Quero ver você dar uma carretilha no Corinthians. Acaba com eles", gritava H.C. "Falcão, eu te pago 50 paus para você largar o São Paulo e ir para o Corinthians", respondeu A.C.
Falcão só ria. Atendia a todos com simpatia. E a integração foi maior quando a bola rolou. No meio de um círculo de vinte internos, Falcão desfilou seu repertório. Foram chapéus canetas, carretilhas e o famoso drible do Falcão.
Alemão, um dos internos, foi para o meio da roda e imitou o drible criado pelo novo jogador do São Paulo. Saiu direitinho, mas em baixíssima velocidade.
A Zona Norte era outro motivo de integração. "Os meninos são de Lausanne, de Santana e de outros bairros que conheço muito bem. Foi fácil conversar com eles". Uma exibição como a de ontem custa R$ 10 mil quando é assistida por empresários. E, sem direito à intimidade com o ídolo, que autografou mais de 30 camisetas vestidas pelos garotos.
Houve também o sorteio de camisas da seleção brasileira de futsal e algumas palavras de Falcão. "Poucas pessoas podem jogar futebol em um nível alto como eu, mas o importante é ser um bom cidadão. Vocês devem se esforçar para isso, porque todos têm ainda a possibilidade de um bom futuro".
Morto, um dos internos, foi o porta-voz da turma no agradecimento final. "Você foi legal com a gente. A Febem não é só rebelião, nós queremos sair daqui e arrumar um emprego e você falou que isso é possível", disse, entregando um quadro pintado por ele a Falcão. O ídolo quase chorou.