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Falcão diz que Brasil se defendeu bem em 1982; Zico vê time ‘torto’ após mudança

Titulares do meio-campo da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1982, quando formaram uma linha de craques no setor com Toninho Cerezo e Sócrates, Paulo Roberto Falcão e Zico são unânimes em dizer que não dá para eleger culpados pela fatídica derrota por 3 a 2 para a Itália, que completa 35 anos exatamente nesta quarta-feira. Os dois ex-jogadores, porém, exibem opiniões um pouco distintas quando falam sobre a eficiência defensiva daquele time que acabou eliminado neste confronto de 5 de julho de 1982, em um duro revés que ficou conhecido como a Tragédia do Sarriá (nome do estádio que recebeu aquele duelo em Barcelona, na Espanha).

Para Falcão, que atuava mais recuado do que Zico no meio-campo do time dirigido por Telê Santana, o Brasil esteve longe de fazer um Mundial ruim no aspecto defensivo, embora tenha tomado três gols do carrasco Paulo Rossi na partida que o eliminou da competição. Mais do que isso, ele sai em defesa do técnico Telê Santana, que naquela ocasião foi criticado por muitos que acreditavam que a equipe nacional poderia ter atuado de forma mais conservadora pelo fato de que um empate diante da Itália já a garantiria nas semifinais daquela Copa.

“Se inventou na época que tinha de ter jogado o Batista (volante reserva daquela seleção que tinha forte poder de marcação), mas ele estava machucado. Todos os argumentos para justificar a derrota foram muito frágeis”, ressaltou Falcão nesta quarta-feira, em entrevista por telefone à reportagem do Estado, curiosamente enquanto estava na Itália para receber um prêmio relacionado com a sua carreira de jogador, na qual também fez história como ídolo da Roma.

Em seguida, o ex-jogador enfatizou que o próprio Telê fez um alerta importante ao time pouco antes do duelo contra a Itália. “Lembro da frase do Telê quando ele encerrou a palestra antes do jogo e nos disse: ‘Não vamos mudar o nosso jogo, chegamos aqui jogando assim, mas lembrem-se: o empate nos serve’. E também tínhamos dez jogadores dentro da nossa área quando tomamos o terceiro gol”, completou.

E Falcão ainda comparou os números do Brasil com os da própria Itália, que depois viria a se tornar campeã da Copa de 1982, para justificar a sua tese de que, defensivamente, o time nacional fez tudo o que podia ter feito para ir mais longe no Mundial. “Falaram que a nossa seleção era uma seleção que não defendia, mas isso é uma mentira. É uma mentira (repetiu enfaticamente). Se você for buscar os números, os Brasil fez 15 gols e tomou cinco naquela Copa. A Itália foi campeã fazendo 12 gols e tomando seis”, recordou.

TIME MEIO ‘TORTO’ – Zico, entretanto, vai mais longe ao analisar a eficiência tática e defensiva que o Brasil exibiu naquele Mundial. Embora tenha lembrado que Telê chegou a ser cauteloso ao sacar o atacante Serginho e colocar o meio-campista Paulo Isidoro logo depois de o Brasil ter empatado o jogo com a Itália em 2 a 2, o camisa 10 daquela seleção acredita que o próprio Isidoro deveria ter começado aquela Copa como titular, status que possuiu durante longo período de preparação e formação daquela equipe para a competição realizada na Espanha.

E Zico enalteceu que a presença de Isidoro era importante pela força que ele tinha para ajudar na marcação, mas Telê acabou optando pela saída do atleta e pela entrada do extremamente técnico, porém menos marcador, Falcão.

“Contra a Itália a gente não conseguiu manter uma vantagem durante 15 minutos. Nas duas vezes em que a gente empatou o jogo, pouco depois eles marcaram outro gol e a gente sempre teve de correr atrás. O problema nosso foi a desmontagem do time, de não ter mantido aquele time que jogou depois ter jogado durante todo aquele período de preparação. A gente jogou três anos, digamos, com aquele time que todo mundo achava que seria realmente o time titular, com Isidoro, Sócrates, Cerezo, Serginho, Éder e eu (formando os. E, quando entrou o Falcão, acho que ele deveria ter mantido o Isidoro entre os quatro jogadores de meio-campo. E entre eu, Cerezo e Sócrates, tirar um destes jogadores”, opinou Zico, em entrevista ao Estado na última terça-feira, na qual pouco depois enfatizou: “Quando saiu o Isidoro, o time ficou meio ‘torto’. Ao meu ver, essa foi uma situação que poderia ter sido diferente”.

Zico, entretanto, ressaltou que não considera que Telê tenha errado ao optar pela entrada de Falcão, que era uma grande jogador e tinha importante poder ofensivo como um volante moderno que subia ao ataque. Ele apenas destacou que, do ponto de vista defensivo, Isidoro poderia ter dado um pouco mais de segurança contra as investidas ofensivas dos adversários em alguns momentos dos jogos.

“O Falcão, durante três anos antes daquela Copa, não jogou nenhuma partida como titular. Quando não era o Paulo Isidoro que jogava, entrava o Tita, o Paulo César… Sem o Isidoro, que cobria um pouco da marcação ali pela direita, o (lateral) Leandro acabou não subindo tanto (ao ataque) como estava acostumado a subir anteriormente”, lembrou.

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