O sexto dia do Mundial de Atletismo Paralímpico de Londres-2017 parecia que terminaria sem medalhas para o Brasil. Parecia. Porque perto das 22h (18h, no horário de Brasília) desta quarta-feira, o carioca Fábio Bordignon correu o que pôde e conseguiu o bronze nos 200 metros classe T35 (atletas com paralisia cerebral) com o tempo de 26s94. O ouro foi para o ucraniano Ihor Tsvietov (25s52) e a prata para o argentino Hernan Barreto (26s35).
“Não foi o resultado que eu esperava, porque achei que poderia brigar pelo ouro com o ucraniano. Dei uma olhada no tempo e não foi a marca que eu gostaria de ter feito. Foi um pouco alto, mas tenho de olhar o vídeo da corrida para ver o que pode ser corrigido para os próximos dias”, disse o brasileiro, que teve paralisia cerebral na hora do parto, por falta de oxigenação no cérebro, e tem movimentos dos membros inferiores descoordenados. Bordignon, que nasceu em Duque de Caxias, retornará à competição no domingo, último dia do evento, quando disputará a final dos 100m.de sua classe.
Além do medalhista, o Brasil ainda contou no dia com a participação de Michel Abrahame, que foi nono colocado no salto em distância T47, com 5,98m. Mateus Evangelista classificou-se para a final dos 100m T37 (paralisados cerebrais), com o quarto melhor tempo, 11s74. Fabrício Júnior também avançou, mas para a semifinal dos 200m T12 (baixa visão), com o tempo de 22s79.
ANSIEDADE E NERVOSISMO – Combatido por milhares de pessoas todos os dias ao redor do mundo em todas as profissões, esse problemas também afetam os atletas. Nesta quarta, o brasileiro Petrúcio Ferreira dos Santos sentiu na pele as consequências de se “trabalhar” sob pressão. No silêncio do estádio Olímpico de Londres, ele queimou a largada da prova final dos 400 metros, classe T47, e acabou desclassificado pelos juízes da disputa da medalha do Mundial de Atletismo Paralímpico.
“Eu realmente estava muito nervoso e muito ansioso na largada, e acho que essas duas coisas combinadas resultaram naquilo que todo mundo viu. Eu vou tentar levantar a cabeça, porque eu tenho a final dos 200 metros na sexta-feira. Eu tenho que me levantar”, disse um inconsolável Petrúcio na zona mista do estádio.
E Petrúcio precisa mesmo esquecer a prova, porque mesmo ela não sendo sua especialidade, ele poderia ter saído da pista com uma medalha. O ouro ficou com o austríaco Gunther Matzinger, com 49s35; a prata foi para o jamaicano Shane Hudson (49s60); e o bronze para Andonis Arestis, de Chipre, com 50s31 – o brasileiro se classificou para a final com 51s55, e tinha perspectiva de melhorar o tempo, e nos Jogos Paralímpicos do Rio-2016, ele conquistou a prata na mesma prova com o tempo de 48s87.
AGENDA – Nesta quinta-feira, três brasileiros entrarão na pista. Às 15h35 (horário de Brasília), Fabrício Júnior disputa a semifinal dos 200 metros, classe T12 (baixa visão). Dez minutos depois, será a vez de Daniel Mendes disputar a sua semifinal dos 200 metros, mas na classe T11 (cegos totais). Por fim, às 16h15, Mateus Evangelista briga pela medalha nos 100 metros classe T37 (paralisia cerebral).