Estocolmo, domingo, 29 de junho de 1958: uma geração de supercraques colocava o Brasil no topo do futebol mundial. A conquista da primeira Copa do Mundo faz cinqüentenário, e durante as comemorações Curitiba receberá um convidado especial. Ulf Lindberg Henrik, fruto gerado na Suécia por uma aventura amorosa de um dos protagonistas daquela conquista, estará na capital paranaense quando a vitória brasileira na final completar 50 anos.
A idéia de trazer ao Paraná o filho sueco de Garrincha foi de um velho aficionado do Mané. Desde criança o paulista Arlindo Ventura, o Magrão, radicado há 20 anos em Curitiba, junta material biográfico sobre o ponta-direita. Depois de apresentar a coleção em diversas exposições, encontrou o lugar adequado para exibi-la: o próprio bar, não por acaso denominado ?Otorto Bar?, na Rua Paula Gomes, centro de Curitiba. ?Queria chamá-lo Garrincha, mas não pude pelos direitos sobre o uso do nome. Aí soube que ele mesmo se apelidou de Torto?, conta Arlindo.
Há três meses o comerciante recebeu no estabelecimento o jornalista Paulo Vinícius Coelho, do Lance! e da ESPN Brasil, que já havia entrevistado Ulf e forneceu-lhe os contatos. Veio o convite por telefone e o filho de Garrincha confirmou que chegará em Curitiba, acompanhado da mulher, em 26 de junho, com as despesas pagas.
Anderson Tozato |
Arlindo Ventura, referência pela memória de Garrincha. |
Arlindo conta que o casal ficará cerca de 10 dias na capital paranaense. Ele já contratou assessoria de imprensa para divulgar algumas atividades com a presença de Ulf, como visitas em escolinhas de futebol na periferia da Capital.
O objetivo, segundo o comerciante, é fazer singela homenagem à época de ouro do futebol. ?A CBF sequer fez um amistoso no Maracanã ou mesmo na Suécia. A data merece ser relembrada, pois é uma geração que abriu as portas do futebol brasileiro?, diz o dono do ?Otorto?, que garante torcer apenas pela seleção brasileira. ?O futebol virou muito capitalista e não consigo me envolver com nenhum clube?, diz.
Ulf cuja fisionomia não deixa dúvida da paternidade – foi gerado numa escapada de Garrincha da concentração do Botafogo, que excursionava pela Europa em 1959. A mãe abandonou o garoto quando ele tinha um ano de idade, e o pai biológico nunca mais voltou. Em 2005, Ulf veio da Suécia para o Rio de Janeiro, conheceu as irmãs brasileiras e visitou o túmulo do pai em Pau Grande (RJ).
Apesar de ter as pernas tortas como as de Garrincha, Ulf não seguiu o caminho do pai e só jogou futebol como amador. Mas tem esperanças de que a herança transmitida ao filho Mark, de 18 anos, transforme o neto de Garrincha em um craque.