O mais ocidental dos países muçulmanos entra hoje para o mapa da Fórmula 1. A um custo de US$ 230 milhões, a Turquia abre seu autódromo para os primeiros treinos da 14.ª etapa do mundial.
Não que os turcos sejam fanáticos por corridas de carros. Mas namoram há tempos com a Comunidade Européia, e a F-1 pode ser um bom cartão de visitas, como já foi, neste ano, a realização da final da Liga dos Campeões entre Milan e Liverpool.
O circuito segue o padrão recente de qualidade inaugurado em 1999 com a entrada da Malásia no calendário. Depois de Sepang, mais dois autódromos, todos projetados por Hermann Tilke, foram incluídos no campeonato: Bahrein e China. A pista de Istambul é da mesma lavra do engenheiro alemão.
Luxuosa e segura, foi erguida com elementos arquitetônicos locais. Há edificações que lembram mesquitas e minaretes, boxes amplos, paddock espaçoso e camarotes instalados em duas torres de sete andares. Mas o que mais importa é o traçado, e este parece ser dos mais interessantes.
"As subidas e descidas, as curvas cegas, retas longas, trechos de alta, de baixa e de média velocidade, o sentido anti-horário… É um ótimo circuito", disse Jenson Button, da BAR, o primeiro piloto a visitar as obras, no início deste ano.
O autódromo foi construído no lado asiático de Istambul, metrópole dividida em duas pelo estreito de Bósforo. Uma ponte liga Europa e Ásia, o ponto exato em que o Ocidente encontra o Oriente. Istambul foi capital do império otomano e sua história remonta ao ano 7000 a.C.
Depois das bigas, pouca coisa correu no país, que existe com esse nome desde 1920, após o fim da Primeira Guerra Mundial. Hoje, a partir das 5h de Brasília, os carros mais velozes do mundo vão experimentar seu asfalto.
O mundial entra em sua fase final com Fernando Alonso e Kimi Raikkonen disputando o título, separados por 26 pontos. Faltam seis corridas para o encerramento da temporada. Mas ontem, as atrações no paddock eram brasileiras. Rubens Barrichello e Felipe Massa, que tiveram seus destinos revelados nas últimas semanas, falaram pela primeira vez à imprensa internacional como novos contratados, respectivamente, de BAR e Ferrari.
Nenhuma grande novidade nas declarações, na verdade. Rubens disse que Felipe terá dias difíceis pela frente, porque será companheiro de alguém como Michael Schumacher. Felipe não se intimidou muito. "É o melhor piloto para qualquer um se comparar. E espero que possa ser mais rápido do que ele, vou fazer de tudo para conseguir", disse.
Perguntaram ao novo "brasiliano" ferrarista se seu contrato é de segundo piloto, como o de Rubens. "Não tem nada escrito sobre isso", respondeu Felipe. "No meu também não tinha", emendou Barrichello. Pano rápido. Como sempre, apenas palavras ao vento.
Button quer Rubinho ao seu lado
A BAR consultou Jenson Button antes de assinar com Barrichello. A informação foi passada por Nick Fry, diretor da equipe. "Queríamos deixá-lo à vontade, apresentamos uma lista e Rubens teve sua aprovação", falou o dirigente. O detalhe é que Jenson ainda não sabe se ficará na BAR no ano que vem. Ele assinou com a Williams no ano passado, mas agora não quer mais sair.
"Se eu tiver a sorte de correr aqui no ano que vem, acho que farei uma boa dupla com Barrichello. Ele é experiente e seus anos de Ferrari vão nos ajudar muito. Uma equipe, para ser forte, precisa de dois pilotos marcando pontos. Será uma boa disputa, e todos desejamos competição", falou o inglês.
O piloto disse também que para Rubens será bom respirar novos ares. "Ele está vindo para uma equipe onde tudo é igual para todos, não há diferenças de tratamento", concluiu, alfinetando a Ferrari.
Villeneuve continua
Ele é tratado, pela mídia, como um ex-piloto. Lento, sem reflexos e ultrapassado. E, apesar disso, não está minimamente preocupado com seu emprego no ano que vem. Jacques Villeneuve tem uma certeza na vida: que em 2006 continua na F-1, e no mesmo lugar onde está. Se a equipe hoje leva o nome de Peter Sauber, trocou de dono e vai passar a se chamar BMW, o canadense acha que não é problema dele.
