Um dos atletas mais experientes do elenco do Corinthians, Cássio sabe o quanto o desmanche no início do ano atrapalhou o Corinthians e espera que a saída de jogadores não se repita durante o início do Campeonato Brasileiro. Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S.Paulo, o goleiro falou que torce para Elias e Felipe continuarem no clube e reconheceu que o time inicia a defesa do título brasileiro pressionado pelas eliminações no Campeonato Paulista e na Copa Libertadores. A seguir, leia os principais trechos da entrevista.

continua após a publicidade

O Corinthians começa o Brasileiro mais pressionado, apesar de ser o atual campeão, por causa eliminações no Paulistão (semifinal) e na Libertadores (oitavas de final)?

Lógico que há um pouco de pressão porque a gente vem de duas eliminações, mas o time foi reformulado, ganhou peças novas e acredito que teve uma evolução muito boa. Mas nossa equipe não se conhece como se conhecia o time do ano passado. Leva um tempo. A equipe de 2015 começou a ser montada em 2014. Pesa um pouco. Há um pouco de pressão. É normal em se tratando de Corinthians. Mas estamos bem preparados para começar o Brasileiro.

Seis titulares do time campeão já deixaram o clube e outros podem sair. Como a equipe absorve a perda de vários jogadores?

continua após a publicidade

Não tem como não sentir, sem desmerecer quem chegou. A gente perdeu jogadores que eram referências, o Gil, o Renato, o Ralf, Love. O futebol chinês vem com dinheiro absurdo e a gente sabe que a vida do jogador vai até uma certa idade. Muitos aproveitam e eu não acho errado. A gente sente um pouco, eram líderes, mas é assim mesmo. Nós que estamos há mais tempo temos de dar suporte aos que chegaram.

O Elias deve ir para a China e o Felipe pode ir para o Porto. Vocês temem um novo desmanche no meio do Brasileirão?

continua após a publicidade

O Elias é jogador de seleção, o Felipe é um dos melhores zagueiros do Brasil. E é claro que se eles saírem vão fazer falta. Esperamos que possam ficar, mas vamos trabalhar para começar bem o Brasileiro. No início, brigar para ficar lá em cima, brigar por Libertadores. Há equipes que começam bem o campeonato, mas você só sabe se vai brigar por título no meio do campeonato. Nosso objetivo é sempre buscar títulos.

Você acabou de renovar contrato até 2019. Mas também teve proposta para sair no início do ano. Por que o negócio não deu certo?

Havia uma proposta do Besiktas (da Turquia). Tentei ser o mais correto possível, deixar primeiro os clubes se acertarem para depois eu negociar a minha parte. Os clubes não entraram em acordo e eu não questionei, não fui brigar ou forçar qualquer coisa, até porque estou em um dos maiores clubes do Brasil, se não o maior. Esse clube me proporcionou muito. O Corinthians abriu as portas para mim e eu sou muito grato, vou ser eternamente grato.

Mas você teve vontade de ir?

Não sei dizer se iria ou não iria. Era a primeira vez que o clube liberaria se houvesse um acordo. É difícil falar: “quero ir”, e o clube (dizer), não. Primeiro o clube se acerta. Aí depois vejo minha parte, se tem interesse ou não.

Essa renovação significa que você pensa em ficar mais tempo ou foi uma maneira de o Corinthians se resguardar de uma nova proposta de fora?

Eu fiquei muito surpreso com o negócio do Besiktas. Já sou um goleiro de 28 anos, completo 29 em junho, já tenho uma idade para goleiro. Os times da Europa procuram goleiros mais novos, então até por isso essa proposta me pegou de surpresa. Mas estou feliz aqui, é difícil falar. Eu não me vejo em nenhum outro clube que não seja o Corinthians. Pelo fato de ter criado uma identificação. Estou aqui desde 2012, ganhei títulos como Libertadores, Mundial, marcantes, sempre ficarei marcado na história.

Mas você não tem vontade de jogar na Europa?

Não tenho essa vontade toda de sair para a Europa. Fiquei no PSV quatro anos e infelizmente as coisas não saíram como eu queria, no futebol tudo tem sua hora e seu momento.

Considera justas as criticas que recebeu após as eliminações nessa temporada?

Não posso ficar com raiva porque alguém me criticou. Costumo escutar pessoas que estão próximo a mim. Não é porque eu estou há muito tempo aqui que não deva ser criticado. A critica é para todo mundo. Minha filosofia aqui é: quando ganha, ganha todo mundo e quando perde, perde todo mundo.

O que mudou no Tite nessas duas passagens, da Libertadores e Mundial, e o do Brasileiro, ano passado?

A cobrança é a mesma. Uma coisa que o identifica é que não há meio termo: a cobrança é igual se você veio da base ou se está aqui faz tempo. É um cara correto, honesto, sempre teve 100% de controle do vestiário e o respeito dos atletas, o que é fundamental. É um cara que todo mundo respeita e admira. O goleiro trabalha mais a bola, dá menos chutão e os treinos têm mais intensidade.