O futebol internacional está em alerta. Apenas este mês, três jogadores morreram em campo, em jogos ou treinos, devido a ataques cardíacos súbitos e fulminantes. Episódios que vêm se repetindo com freqüência cada vez maior e que já fazem a Fifa estudar normas mais rígidas para a avaliação de atletas. Mas afinal, o que está acontecendo com o coração dos boleiros?

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Segundo o médico cardiologista Costantino Costantini, a incidência de doenças cardíacas não dá mostra de estar aumentando. O problema é que o nível de exigência física aos atletas está cada vez mais alto, o que pode ser fatal para quem tem alguma doença no coração.

?A doença cardíaca sempre existiu. Só que agora é mais evidente, pois a divulgação de informações é muito grande. É muito mais visível a morte de um atleta. Mas, evidentemente, está influindo a carga de exercícios e a forma física que se exige dos jogadores. Hoje, eles são exigidos de uma forma que, se têm um problema cardíaco, este se faz mais evidente, o coração não agüenta e pára?, diz Costantini.

Prevenção

Segundo o cardiologista, só há uma maneira de evitar casos como o do lateral espanhol Antonio Puerta, do Sevil-la, que faleceu na última terça-feira, após desmaiar em campo durante uma partida do campeonato espanhol: fazer o acompanhamento cardíaco de todos os atletas, com exames completos desde as categorias de base.

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?Na medida que os clubes não tenham médicos rigorosos, que entendam que existe a possibilidade de ter, em todas as categorias, um potencial de jovens com problemas cardíacos, e que todos têm que ser submetidos a exames cardiovasculares, vamos continuar a ver isso. Não é surpresa que continuem morrendo?, avisa Costantini.

Porém, no futebol existem interesses poderosos, que podem colocar a saúde dos atletas em segundo plano. ?A pressão que existe sobre os médicos dos clubes, para liberar determinados jogadores, não deve ser pequena. Quando surge um jogador que é um potencial astro e principalmente pode render uma grande negociação, os médicos devem sentir uma pressão muito grande. Como se vai dizer que um garoto desses não pode jogar??, afirma Costantini.

Socorro

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Caso uma doença cardíaca não seja diagnosticada e algum jogador venha a sofrer um ataque em campo, também é possível salvar a sua vida. Mas Costantini avisa que é necessário gente treinada para fazer o atendimento. ?Não adianta ter um desfibrilador se não houver alguém que saiba usar?, alerta.