O futebol internacional está em alerta. Apenas nos últimos 30 dias, quatro jogadores morreram em campo, em jogos ou treinos, devido a ataques cardíacos súbitos e fulminantes. Episódios que vêm se repetindo com freqüência cada vez maior e que já fazem a Fifa estudar normas mais rígidas para a avaliação de atletas. Mas afinal, o que está acontecendo com o coração dos boleiros?
Segundo o médico cardiologista Costantino Costantini, a incidência de doenças cardíacas não dá mostra de estar aumentando. O problema é que o nível de exigência física aos atletas está cada vez mais alto, o que pode ser fatal para quem já tem alguma doença no coração.
?A doença cardíaca sempre existiu. Só que agora é mais evidente, pois a divulgação de informações é muito grande. É muito mais visível a morte de um atleta. Mas, evidentemente, está influindo a carga de exercícios e a forma física que se exige dos jogadores. Hoje, eles são exigidos de uma forma que, se têm um problema cardíaco, este se faz mais evidente, o coração não agüenta e pára?, diz Costantini.
A atividade física intensa não é um risco para atletas saudáveis. Mas pode ser fatal para quem tem uma doença cardiovascular. ?O sujeito que não tem uma condição cardiológica normal, com a carga de treinos a que os atletas são submetidos hoje, está em risco. O problema não é o excesso de exercício. Mas sua incidência sobre o indivíduo que tem uma doença cardíaca?, pondera Costantini.
Todo cuidado é fundamental
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Washington é ?monitorado? pelo cardiologista Costantini. |
Segundo o cardiologista Costantino Costantini, só há uma maneira de evitar casos como o do lateral espanhol Antonio Puerta, do Sevilla, da Espanha, que faleceu no último dia 28 de agosto, após desmaiar em campo durante uma partida do Espanhol: fazer o acompanhamento cardíaco de todos os atletas, com exames completos desde a base.
?Na medida que os clubes não tenham médicos rigorosos, que entendam que existe a possibilidade de ter, em todas as categorias, um potencial de jovens com problemas cardíacos, e que todos têm que ser submetidos a exames cardiovasculares, vamos continuar a ver isso. Não é surpresa que continuem morrendo?, avisa.
Porém, no futebol existem interesses poderosos, que podem colocar a saúde dos atletas em segundo plano. ?A pressão que existe sobre os médicos dos clubes, para liberar determinados jogadores, não deve ser pequena. Quando surge um atleta que é um potencial astro e pode render uma grande negociação, os médicos devem sentir uma pressão grande. Como se vai dizer que um garoto desses não pode jogar??, diz Costantini.
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