Mandato da discórdia

Ex-presidentes divergem sobre permanência de Petraglia

O Atlético aprovou na segunda-feira a proposta de extensão do mandato do atual conselho deliberativo em mais um ano. Assim, a gestão atual de Antônio Carlos Bettega e Mário Celso Petraglia irá até dezembro de 2015, dependendo ainda da aprovação dos sócios. Uma assembleia será convocada num prazo de mais ou menos 60 dias para que a proposta seja ratificada ou não.

Diante da inusitada medida tomada pelo Rubro-Negro, a Tribuna98 foi ouvir a opinião de alguns dos últimos presidentes do Furacão. O argumento utilizado pela diretoria para pedir a extensão é uma adequação à Lei Pelé para a obtenção de empréstimos. Contudo, no atual formato de gestão o clube já atende às exigências, o que torna desnecessária a alteração.

De acordo com Marcos Malucelli, presidente entre 2009 e 2011, o que foi colocado é uma manobra eleitoral do atual presidente Petraglia. “É uma medida equivocada”, disse. Segundo ele, a mudança não atende ao que fala a Lei Pelé. Se a gestão é de até quatro anos, o clube já está dentro da lei. “Nada mais é do que é uma prorrogação de mandato. Certamente o atual presidente esta com medo de ir para as eleições de dezembro e sorrateiramente quer mais um ano”, completou Malucelli.

Lucimar do Carmo
Acho justo que o clube possa usar o limite todo de uma gestão. Vivemos uma transição patrimonial. É justo e algo muito bom. Nelson Fanaya, ex-presidente.

Já Nelson Fanaya, presidente entre 1999 e 2000, acredita que é uma questão de justiça permitir essa extensão de mandato. “Acho justo que o clube possa usar o limite todo de uma gestão”, disse. Para ele, durante a realização das obras da Arena da Baixada, é importante que atual gestão permaneça atenta a estas funções, administrando os financiamentos. “Sou totalmente favorável. Vivemos uma transição patrimonial. É justo e algo muito bom”.

Durante a reunião de segunda-feira com os conselheiros, Petraglia expôs sua atitude pela prorrogação do mandato. Ele admitiu que a extensão era um pedido especial dele, que prometeu entregar o estádio para a Copa e para os atleticanos. Depois disso, se afastará do Atlético e não tentará a reeleição. Consideraria sua missão cumprida.

Sobre as justificativas usadas pelo cartola, o ex-presidente Marcos Malucelli (desafeto do atual presidente) ironizou. Para ele, essa é “uma conversa que já dura muitos anos”. A promessa de Petraglia é repetida à exaustão, segundo Malucelli.

“Ele ficou falando isso quatro, cinco, seis anos. Gostaria de ficar mais um pouco para cumprir promessa de entregar ao amado Atlético a Arena e nunca fez isso. Agora vai ficar com essa história de que quer ficar para fazer a Areninha e lá se vão mais quatro, mais quatro, mais quatro. E sabe-se lá quanto tempo ele fica se eternizando no poder ou colocando um laranja dele”, provocou o ex-presidente atleticano.

Por enquanto, o conselho deliberativo ainda não formulou nenhuma agenda para que uma assembleia seja convocada para os sócios analisarem a proposta de prorrogação de mandato, apesar da promessa de esse trâmite ser o mais rápido possível.

No momento que isso ocorrer, é provável que conselheiros contrários à medida tentem alguma manobra para frear o processo. Um entendimento sobre o assunto é que a reunião do conselho precisaria ter sido convocada exclusivamente para debater o assunto, o que não ocorreu porque, o assunto principal era dar a Arena em garantia ao empréstimo para a finalização das obras de reforma.

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