Ex-jogadores divergem sobre evolução do futebol carioca

Com a conquista do Fluminense, o Rio de Janeiro chegou à marca de 13 títulos do Campeonato Brasileiro e diminuiu a diferença para São Paulo, que soma 17 taças em 40 anos de história da competição. O bom desempenho reflete a nova onda dos clubes cariocas, que passaram a se preparar melhor para a disputa do sistema de pontos corridos, em vigor desde 2003.

Para chegar ao título, o segundo de sua história (ganhou também em 1984), o Fluminense apostou pesado no técnico Muricy Ramalho, que já havia faturado três taças pelo São Paulo (de 2006 a 2008). O treinador pegou uma “herança” de Cuca e ainda contou com a atuação de destaque do argentino Conca na campanha vitoriosa.

No ano passado, o Flamengo levou o título no Maracanã e quebrou uma hegemonia de cinco anos do futebol paulista. Com o triunfo do Fluminense nesta temporada, o Rio de Janeiro voltou a ser destaque no Brasil, como afirma o ex-lateral Altair, campeão da Copa de 1962 e quarto atleta com mais partidas na história do time das Laranjeiras, com 549 jogos.

“O Fluminense fez um planejamento muito bom para esta temporada”, comenta o ex-jogador, hoje com 72 anos. “Os dirigentes acertaram na escolha do Muricy e fizeram uma boa jogada ao manter Conca para esta temporada. Esse título ajudará a aumentar a torcida do Fluminense pelo Brasil e trará mais dinheiro para o clube.”

O Botafogo fez uma campanha positiva com o técnico Joel Santana, apesar de não ter conquistado a vaga na Libertadores. O Vasco conseguiu permanecer na elite após um ano de reestruturação em seu retorno à Série A. Só o Flamengo fez uma campanha abaixo de sua tradição, em ano turbulento por causa da saída de alguns jogadores e dos problemas com o goleiro Bruno.

Capitão do tricampeonato da seleção brasileira, Carlos Alberto Torres fez parte do time do Fluminense de 1975, que ficou conhecido como ‘Máquina Tricolor’ – foi bicampeão estadual em 1975 e 1976. O ex-jogador também destacou a forma positiva com que os clubes do Rio de Janeiro passaram a tratar o Campeonato Brasileiro.

“Os dirigentes perceberam que é importante disputar o Brasileirão para também chegar à Copa Libertadores”, analisa o capitão do tri. “Todos falam primeiro na vaga na Libertadores e depois no título. A impressão que dá é que eles [cariocas] passaram a se preparar melhor para esse tipo de competição. Basta ver o Fluminense que trouxe um técnico bem experiente.”

PAULISTAS MAIS ORGANIZADOS – O tetracampeão mundial Mário Jorge Lobo Zagallo acredita que o futebol paulista ainda está com mais poder do que o Rio de Janeiro, apesar de os cariocas terem levado os dois últimos títulos. Como jogador, o “Velho Lobo” passou por América, Flamengo e Botafogo. Como treinador, também já teve passagens em outros clubes do Rio (Vasco, Fluminense e Bangu).

“A tendência é mais para São Paulo”, afirma Zagallo. “Os paulistas contam com Santos, Palmeiras, Corinthians e São Paulo, que têm grande poder de investimento. Então é lógico que você crie um time melhor com um poder aquisitivo maior. É por isso que São Paulo ainda está na frente no número de títulos.”

RIO FALIDO? – Paulo César Caju também fez parte do time do Fluminense de 1975. Para o ex-jogador, que também atuou por Flamengo, Botafogo e Vasco, o Rio de Janeiro teve sorte ao conquistar duas edições seguidas do Campeonato Brasileiro. De acordo com ele, o futebol carioca ainda não aprendeu a se planejar.

“A estrutura do Rio de Janeiro está falida. Gosto do futebol brasileiro em geral e não dessa coisa entre Rio contra São Paulo. Mas o que me deixa mais preocupado é a forma com que os treinadores estão tratando o futebol. Hoje eles se preocupam mais com o resultado do que com o futebol arte.”

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