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Ex-jogadoras da seleção lançam manifesto contra CBF e pedem apoio da Fifa

Na esteira da revolta das jogadoras da seleção brasileira feminina contra a CBF, ex-atletas da equipe, como Formiga e Marcia Taffarel, lançaram nesta sexta-feira um manifesto contra a CBF e pedindo o apoio da Fifa. O objetivo é demonstrar apoio à técnica Emily Lima e pedir maior suporte ao time feminino da seleção.

“Nós, ex-jogadoras da seleção brasileira de futebol feminino (SBFF), estamos muito tristes e angustiadas pelos recentes acontecimentos na CBF no que concerne o futebol feminino e a nossa seleção brasileira”, dizem ex-jogadoras da seleção, como a atacante Cristiane, que se aposentou da equipe recentemente em protesto contra a demissão de Emily.

Na carta aberta, elas criticam a suposta falta de importância dada pela CBF ao time feminino e reclamam do tratamento recebido pelas mulheres dentro da entidade. “O péssimo tratamento das mulheres como líderes e jogadoras por muitos anos. Esses são apenas alguns exemplos recentes: a técnica Emily Lima, apesar do apoio das jogadoras, expressado numa carta endereçada à CBF, datada de 19 de setembro, foi abruptamente demitida; e cinco jogadoras de destaque se aposentaram, exaustas dos anos de desrespeito e falta de apoio”, citaram as ex-jogadoras da seleção.

Elas também apontaram a falta de mulheres em cargos de direção na CBF. “Até o presente momento, nós tivemos uma ex-jogadora da seleção (Daniela Alves) trabalhando com a configuração da seleção, e, apesar das promessas, apenas Emily Lima teve a chance de ter um papel de liderança na seleção feminina”, afirmaram, antes de enumerarem uma série de supostos problemas para a entidade:

“A falta de mulheres em papéis de liderança na CBF; a ausência de qualquer estrutura dentro da CBF que permita que mulheres façam parte da gerência e da administração do futebol; e a ausência de voz daquelas que vivenciaram o futebol feminino, em decisões sobre o futebol feminino.”

Para o grupo de ex-jogadoras, a CBF precisa incorporar a reforma de igualdade de gênero. “Nós, as jogadoras, investimos anos das nossas próprias vidas e toda a nossa energia para construir essa equipe e criar toda essa força que o futebol feminino tem hoje. No entanto, nós e quase todas as outras mulheres brasileiras, somos excluídas da liderança e das tomadas de decisão relativas à nossa própria equipe e ao nosso esporte.”

Para tanto, elas citaram a própria Fifa, que vem contratando mulheres para postos diretivos, caso da senegalesa Fatma Samoura, primeira mulher a ocupa o posto de secretária-geral da entidade máxima do futebol, após a eleição do suíço Gianni Infantino.

“No ano passado, a Fifa fez grandes reformas, como a inclusão obrigatória de mulheres em seu próprio Conselho, e a adição de mulheres em todos os níveis de administração do futebol. Membros como a CBF são obrigados a levar em conta a importância da igualdade de gênero na composição de seus órgãos legislativos. A CBF ainda não tem nenhuma mulher no seu conselho de administração. Não há quase nenhuma mulher na sua assembleia legislativa e administração senior. Não há nenhum caminho relevante para ex-jogadoras entrarem na CBF e ajudarem a gerir o próprio jogo delas”, afirmaram.

O estopim da crise entre as jogadoras da seleção e a CBF foi a demissão de Emily Lima após duas derrotas em amistosos realizados na Austrália, no mês passado. Ao todo, ela comandou o Brasil em 13 jogos, conquistando sete vitórias, um empate e cinco derrotas. Em 10 meses de trabalho à frente da equipe, teve um aproveitamento de 56,4%.

O pouco tempo de trabalho irritou algumas jogadoras da seleção. E, após o anúncio da saída de Emily, elas começaram a anunciar suas aposentadorias da seleção. A primeira foi a atacante Cristiane, que foi seguida pela zagueira Andreia Rosa, pela lateral-esquerda Rosana, pela meia Fran e pela lateral Maurine.

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