Dono de enorme torcida em todo o planeta e clube com mais de 160 mil associados, o Barcelona é freqüentemente citado modelo de administração do futebol mundial.
E um dos responsáveis por vitaminar o gigante catalão, que triplicou seu faturamento nos últimos cinco anos, veio a Curitiba emprestar um pouco do conhecimento na gestão esportiva.
Vice-presidente e diretor-geral do Barça entre 2003 e 2008, Ferran Soriano acredita que o futebol brasileiro pode se aproximar do europeu em termos financeiros. Mas o caminho a percorrer é longo.
“Vejo o Brasil com futuro brilhante. É o país com maior paixão pelo futebol e fornecedor de enormes talentos. Falta converter essa demanda em dinheiro”, disse Soriano, que deu palestra ontem à noite na 8.ª Feira de Gestão da FAE Business School, em Curitiba.
Soriano crê que o primeiro passo para que os clubes brasileiros se aproximem dos europeus é o investimento nos estádios. “Nos últimos 15 anos a Europa reformou e reconstruiu seus estádios. Com mais conforto, os ingressos ficaram mais caros. Empresas compram lugares especiais e com isso os clubes podem contratar melhores talentos”, disse o executivo, que espera que os investimentos para a Copa de 2014 turbinem as praças esportivas verde-amarelas.
A revisão dos acordos com a televisão também alavancariam os lucros dos times brasileiros. Para Soriano, as emissoras pagam pouco e sobrecarregamo espectador com muitos jogos. Outra fonte de receita mal explorada no Brasil é a venda de jogadores.
O ex-diretor do Barça cita o exemplo próximo do Boca Juniors, que fatura milhões com a venda de jogadores à Europa e assim pôde criar uma estrutura para sempre manter times competitivos. “O Brasil também é grande fonte de talentos, mas muitas vezes parte deste dinheiro se perde com intermediários e representantes”, falou.
A profissionalização de todos os setores do clube também é fundamental. O próprio Soriano é executivo com sólida formação acadêmica, bem como os responsáveis pelo marketing, finanças e outras áreas do clube catalão.
Os números mostram que o Barcelona aprendeu bem essas lições de gestão. A receita anual gerada pelo Camp Nou chega a R$ 250 milhões – somente as visitas ao estádio rendem R$ 49 milhões. Já a receita da dos direitos de TV chega a R$ 400 milhões/ano – mais do que a Globo paga a todos os times pelo Brasileirão.
Por essa e outras, o Barça fatura anualmente a bagatela de R$ 856 milhões. Assim fica fácil contratar craques como Messi, Henry e Eto’o. “Os resultados em campo dependem diretamente da gestão. Quem fatura mais contrata os melhores jogadores. O resto é sorte”, ensina o executivo.