O ex-diretor de comunicação da CBF Rodrigo Paiva disse nesta quinta-feira que ainda está “tentando entender” a operação do FBI que prendeu cartolas do futebol mundial, incluindo o ex-presidente da CBF José Maria Marin. Paiva, que trabalhou em parte da gestão de Marin e por anos na de Ricardo Teixeira, lembrou que a ação partiu da Justiça americana, e não da brasileira – e deu a entender que a Polícia Federal (PF) também deve fazer sua investigação.
“Estou ainda tentando entender, porque é uma coisa que veio de fora. Não é no Brasil, é no mundo todo. Essa é uma investigação da Justiça americana, a Justiça brasileira não entrou ainda”, considerou ele, por telefone, à reportagem. “A coisa mais estranha é que veio de fora. A gente vê essa investigação toda da Polícia Federal no caso da Petrobrás, um trabalho sensacional, mas ainda não há algo no futebol.”
Paiva disse que, se for chamado para ajudar nas investigações, irá com prazer porque é “um cidadão brasileiro”, mas afirmou que não terá nada de relevante a dizer. “Quando o Marin e o Marco Polo chegaram (à presidência) eles me afastaram da parte política e me deixaram só com o futebol. Eu me afastei da gestão e dei graças a Deus.”
Ele destacou que, por ter sido afastado da comunicação institucional por Marin e Del Nero, nunca presenciou nada de anormal – o que não quer dizer que não tenha acontecido. “Isso se percebe, mas você não sabe”, sustentou. “Me afastaram (da gestão) mesmo. Quem assumiu foi um outro cara, lá de Brasília. Um lobista. Marcelo Netto, se não me engano.”
Marcelo Netto foi assessor do ex-ministro da Fazenda Antônio Palocci. Ele foi exonerado junto com Palocci no escândalo da quebra do sigilo bancário do ex-caseiro Francenildo dos Santos Costa, no primeiro mandato do presidente Lula. À época, Netto foi acusado de vazar os dados à imprensa.
Discreto, Netto acompanha Del Nero em entrevistas e, desde que o dirigente assumiu a presidência, é o responsável pela comunicação na CBF. Mas, informalmente, já ocupava o cargo ainda à época em que Rodrigo Paiva era diretor de comunicação. “Já recebia o dele”, diz Paiva.
SEM MÁGOA – Rodrigo Paiva trabalhou na CBF por 12 anos. Ele foi demitido do cargo após a Copa do Mundo do ano passado, mas garantiu que não ficou chateado por isso. “Eu tinha programado fazer a última Copa aqui no Brasil e dar um tempo. Eu vinha de quatro Copas, trabalho com o Ronaldo, com o Romário, e eu trabalhei num período muito vitorioso”, lembrou.
“Eu saí, mas não saí chateado. Foi difícil (o período na CBF), teve momentos de muita pressão, eu ficava muito solitário. Quando chegou o Felipão e o Parreira eles me ajudaram muito. Tenho certeza que o Felipão me segurou lá. Ele não diria isso, porque não é uma coisa que ele costuma fazer, mas tenho certeza disso”, contou. “Eu quero deixar publicamente meu agradecimento ao Felipão. Vou levar para o resto da vida.”
Atualmente, Rodrigo Paiva diz estar “descanso e estudando muito”. Ele está iniciando um projeto voltado à cultura e futebol e não pretende mais trabalhar diretamente em clubes.