O ex-árbitro e presidente do Sindicato dos Árbitros Profissionais do Paraná, Amoreti Carlos da Cruz, acusado de ser um dos chefes da ?máfia do apito?, compareceu ao julgamento do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD), ontem à tarde, na sede da Federação Paranaense de Futebol (FPF), protegido por um segurança.
Amoreti diz que foi ameaçado por um desconhecido, na noite do último sábado, quando estava a caminho de casa, no Conjunto Mercúrio. Num semáforo próximo à fábrica da Cola-Cola, na BR-277, o presidente do sindicato conta que um carro não identificado, com os vidros pretos, emparelhou junto ao seu. Foi quando o ocupante do veículo mandou um recado ameaçador, segundo Amoreti: ?Se eu fosse você, não iria a Federação na segunda-feira. Você já está f… mesmo, seu pau no c…?.
Assim que o semáforo abriu, o ex-árbitro arrancou com seu carro, deixando pra trás o personagem misterioso.
?Isso aconteceu entre 19h30 e 20h, já tinha escurecido e não deu pra ver o rosto da pessoa e nem a marca ou cor do carro. Na hora fiquei nervoso e até esqueci de anotar a placa do carro. Agora eu pergunto: por que essas ameaças? O Domingos Moro (advogado dos acusados) também foi ameaçado. Queriam nos intimidar para o processo correr à revelia e sermos condenados??, questionou Amoreti.
Ele diz que os acusados de corrupção são vítimas das denúncias de Evandro Rogério Roman.
?Nós somos vítimas. No depoimento do Evandro, foi lida uma carta anônima que teria 30, 35 nomes de envolvidos. Por que ele escolheu e só declinou seis nomes se havia entre 10 e 15 ?aves de rapina?? Porque nós tiramos o Nelson Orlando Lemkhul da presidência da Associação dos Árbitros do Paraná. Como o Evandro e o Nelson são amigos, ele (Evandro) levou o Nelson para lecionar em cursos de árbitro na faculdade de Cascavel. O Nelson foi condenado em primeira instância na 21.ª Vara Cível por desvio de recursos da associação. Então, eles (Evandro e Nelson) querem denegrir a nossa imagem e estão fazendo essas denúncias por revanche?, afirmou Amoreti.
?Armário?
Baiano de Irecê, o segurança particular Mário Sérgio Pereira de Souza, 29 anos, 110 kg e 1,89m de altura, não desgrudou um segundo do ex-árbitro. Praticante de capoeira, Mário Sérgio assusta pelo tamanho. O sujeito é um verdadeiro ?armário?. ?Minha função é proteger o cliente para que nada de ruim aconteça, principalmente se ele corre risco de agressão?, explica o segurança, que foi contratado por Amoreti ainda no sábado à noite.
No caso de estourar uma briga ou aparecer alguém que ameace a integridade física de seu cliente, Mário Sérgio tem a solução.
?Quando tem mais de um brigando, você tem derrubar o cara logo, com um soco. Já cheguei a enfrentar seis homens de uma vez. Agora, se é só um, imobilizo o cara pelo pescoço ou dou uma chave de braço nele?, ensina.
Dependendo da necessidade, o segurança oferece proteção dia e noite.
?Se a pessoa quiser, fico do lado dela 24 horas. Já trabalhei como segurança da seleção brasileira de futebol, quando ela jogou aqui em Curitiba, das equipes do Atlético, Coritiba e Paraná, de artistas como Zezé di Camargo & Luciano, Chitãozinho & Xororó, do presidente Lula, na época da campanha, e de vários artistas de televisão?, afirmou Mário Sérgio, que cobra R$ 10 por hora de serviço, além de refeições.