O dia promete ser quente na sala do Tribunal de Justiça Desportiva da FPF. Além do depoimento de Antônio Carvalho, dono da conta investigada pelo TJD no caso de venda de arbitragens, outro momento aguardado será o pronunciamento de Evandro Rogério Roman. O árbitro promete revelar quem faz parte da ?quadrilha? que compõe a ?máfia do apito? no futebol paranaense.
Um dos principais árbitros do Estado e presença assídua nas escalas das Séries A e B, Roman confirmou na sexta-feira que existe corrupção no quadro local e lamentou o prejuízo moral sofrido pelos demais. ?Falei com Roman pelo telefone. Ele adiantou que dará os nomes de 10 a 12 árbitros e assistentes envolvidos com corrupção?, disse o auditor Octacílio Sacerdote Filho, que preside o inquérito do ?caso Bruxo?.
Segundo o auditor, Roman impôs a presença da imprensa como condição para revelar os ?gaveteiros?. ?Ele afirma estar se sentindo prejudicado pela generalização das denúncias?, disse Sacerdote.
As revelações já começam a repercutir na FPF. Ontem, Luiz Linhares, presidente do Engenheiro Beltrão, pediu uma acareação com o árbitro, afirmando que Roman tem uma imagem ?distorcida? do dirigente. Uma das denúncias insinuava que as campanhas do Engenheiro e do Império Toledo, campeão e vice da Série Prata em 2004, foram suspeitas.
Roman disse que será acompanhado por mais oito ou dez árbitros, para que todos confirmem as denúncias. E deu pistas sobre quem seria o ?Bruxo? – o intermediário da venda de resultados. ?Acho que é um árbitro?, apontou.
Triches tenta devolver a moralidade
Os árbitros do Paraná voltarão a apitar os jogos da Série Prata. A decisão foi tomada após reunião entre o presidente da Federação Paranaense de Futebol (FPF), Onaireves Moura, e o presidente da Associação Profissional dos Árbitros de Futebol do Paraná (Apaf-PR), Henrique França Triches, empossado ontem à noite.
Segundo Triches, Moura concedeu ainda um crédito de R$ 2.500 para a Apaf-PR ?pôr ordem na casa?. A associação estaria seriamente endividada por problemas em administrações anteriores à do último presidente, Francisco Carlos Vieira. ?Recebemos um voto de confiança para devolver a moralidade à categoria?, disse Triches.
O novo representante disse que não irá apresentar relação dos ?bons e maus? árbitros, conforme pedido do Moura. ?Não tenho provas para incriminar ninguém. As que tinha, já apresentei ao TJD no passado?, afirmou.
Outra decisão da FPF foi mudar a estrutura da Comissão de Arbitragens. Agora, o grupo será formado por cinco membros, indicados diretamente pela Associação dos Árbitros, clubes profissionais, clubes amadores, ligas amadoras e pela própria Federação. A nova comissão será nomeada após a conclusão do inquérito do ?caso Bruxo?.
Não sei de nada
Cianorte, Malutrom, Paranavaí, Operário, Iraty, Toledo e Arapongas foram os únicos clubes que responderam ao pedido da FPF, na semana passada, para apontarem responsáveis pelos supostos casos de corrupção no futebol paranaense. Todos disseram nada saber sobre atitudes ilícitas.