Se tudo não passar de mais uma encenação, o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, ganhou o primeiro adversário de peso no cenário esportivo: o presidente do Vasco, Eurico Miranda. Ontem, além de admitir o rompimento com o dirigente, o ex-deputado afirmou que seu próximo objetivo será o de fundar uma liga, onde os clubes tenham independência e possam decidir sobre o próprio destino.
Para não perder a oportunidade de ser polêmico já lançou o primeiro embate contra a entidade: não vai arcar com o pagamento da arbitragem do jogo entre o time carioca e a Ponte Preta, hoje, em São Januário.
“Tão logo o tempo permita, vou começar a contatar os clubes a respeito da criação da Liga”, contou o presidente do Vasco. “Temos que fazer as coisas como devem ser feitas e criar uma liga gerida pelos clubes.” Miranda admitiu que anteriormente era contrário à independência dos clubes em relação à CBF. No entanto, afirmou que o episódio sobre o cancelamento da 10.ª rodada do campeonato brasileiro foi a “gota d?água” para o rompimento. De acordo com o presidente do Vasco, o ato de Teixeira querer “manipular a situação” foi o principal responsável por sua mudança de postura.
A relação de Miranda com os dirigentes de clubes e principalmente com o presidente da CBF vem mudando desde 2001, quando o dirigente vascaíno foi investigado pela CPI do Futebol. Na ocasião, ele ficou praticamente isolado e sem apoio, o que explica seus atuais atos.
Inclusive, a tentativa de reaproximação com o Poder Executivo é clara.
O primeiro confronto com a CBF já está marcado para hoje quando o Vasco enfrenta a Ponte Preta, em São Januário. Pelo regulamento do campeonato brasileiro, o clube mandante é o responsável pelo pagamento do trio de arbitragem. Mas, o Estatuto do Torcedor determina em seu art.º 30, parágrafo único, que “a remuneração do árbitro e seus auxiliares será de responsabilidade da entidade de administração do desporto ou da liga organizadora do evento”. “Vou seguir o estatuto, logo, a CBF é quem deve pagar”, frisou Miranda.
O curioso é que o presidente da Comissão de Arbitragem, Armando Marques, pareceu prever que o juiz Wilson de Souza Mendonça (Fifa-PE) teria problemas. Ao ver o nome do pernambucano sorteado para a partida do Vasco, o dirigente exclamou: “Ih, o Wilson vai se suicidar quando souber qual jogo vai apitar”.
Lula
O presidente vascaíno decidiu imortalizar a camisa 13 do clube em homenagem ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Mas, ele explicou que a decisão já havia sido tomada antes de sua eleição porque o presidente da República é torcedor do Vasco, no Rio. “Caso o Lula não venha a São Januário, levarei a camisa para ele e depois ela não será mais utilizada nos jogos.”