O presidente do Vasco, Eurico Miranda, voltou a se manifestar sobre o episódio de violência que manchou o clássico com o Flamengo, no domingo da outra semana. O episódio, que deixou feridos e um morto, também trouxe consequências para o time vascaíno, que foi obrigado a jogar com o Santos, no Engenhão, neste domingo, e com os portões fechados. A medida foi criticada por Eurico, que atacou também a TV Globo e a Polícia Militar.
As críticas ao canal de televisão se devem a uma reportagem veiculada na semana passada. O material, exibido pelo Jornal Nacional, relata que o Grupamento Especial de Policiamento em Estádios (Gepe) investiga denúncia de que membros de torcida organizada, já punida por atos de violência, atuam como funcionários do clube em dias de jogos em São Januário.
“Tenho que deixar aqui o meu protesto a Rede Globo de televisão e todas as suas afiliadas. Fez uma matéria tendenciosa. Pediram para ter uma entrevista comigo. Eu sou contra entrevistas gravadas. Colocaram o que interessava, determinadas colocações que são minhas, mas no contexto”, criticou Eurico, que concedeu entrevista após o empate sem gols com o Santos – ele ocupou o lugar do auxiliar Ednelson Silva, que conversaria com a imprensa, no lugar do suspenso Milton Mendes.
O dirigente atacou também a atuação da Polícia Militar no episódio de violência do domingo passado. “A atuação da PM foi abusiva, temerária, excessiva, negligente. Demonstrou incompetência”, declarou o presidente vascaíno, antes de levantar suspeitas sobre a atuação do Gepe.
“Eu disse na matéria da Globo que estranhava muito que o Gepe, que é o grupamento que cuida dos estádios, tivesse feito um relatório sobre São Januário e nenhum sobre acontecimentos na Ilha do Urubu [estádio Luso-Brasileiro, assumido como nova casa do Flamengo]. É tratamento diferenciado? Ou porque tem integrantes do Gepe que prestam serviços ao Flamengo?”, questionou.
Eurico reforçou que não apoiou nenhuma torcida organizada e que o clube não tinha nenhum interesse na confusão, que acabou deixando um morto. “O Vasco foi o primeiro a entrar na delegacia com um inquérito. Se colocou inteiramente à disposição das autoridades para o que fosse necessário. O Vasco tinha interesse no que aconteceu? O Vasco tinha interesse em jogar sem o torcedor? Claro que não. O Vasco permitiu esse tipo de coisa? O Vasco quer que tudo seja esclarecido.”
Para o presidente, as informações veiculadas pela TV Globo podem prejudicar o Vasco por terem sido feitas a poucos dias do julgamento do clube, marcado para esta segunda-feira. “Tudo que foi colocado por essa matéria da Globo são ilações, absurdamente nada comprovado. E o detalhe é que foi feito na véspera de um julgamento por parte do tribunal. Querendo responsabilizar por tudo que aconteceu o Vasco, que é o menor culpado.”
PREJUÍZO – Eurico ainda reclamou dos efeitos da punição inicial aplicada ao clube. Logo após a confusão do domingo passado, a CBF interditou provisoriamente o estádio de São Januário e o Vasco foi obrigado a jogar sem torcida no Engenhão, o que acarretou prejuízos ao clube.
“O prejuízo financeiro de hoje, por alto, foi de aproximadamente R$ 1 milhão. Isso levando em conta o que você deixa de arrecadar e o que você precisou gastar. O prejuízo financeiro nesse ponto, porém, é secundário. O maior prejuízo é o de ordem técnica, algo que não tem como calcular. O Vasco recebeu uma dupla punição. Perdeu mando de campo e teve que jogar com portão fechado. E por qual motivo? A CBF tinha determinado jogar em São Januário sem torcida, mas a PM disse com tranquilidade que não garantia a segurança no entorno de São Januário. E no entorno do Engenhão pode garantir? Qual a diferença? Isso foi uma retaliação clara da PM ao Vasco e que causou prejuízo”, afirmou o presidente vascaíno.