EUA serão mais castigados com viagens durante a Copa

Cada seleção que vai disputar a Copa do Mundo teve à sua disposição 83 CTS (Centro de Treinamento de Seleções) para escolher onde ficar durante o torneio – apenas a Alemanha decidiu construir um espaço próprio. E essa escolha pesou na distância que as equipes terão de percorrer na primeira fase do Mundial, pois, pelas regras da Fifa, cada delegação precisa chegar ao CTS uma semana antes do torneio e ficar lá enquanto estiver na disputa.

Levantamento feito pela reportagem, levando em consideração todo o percurso (ida e volta) que cada equipe fará a partir do CTS escolhido para disputar os três jogos da fase de grupos, mostra que os Estados Unidos ganharão a maior quantidade de “milhagem” da competição. Os norte-americanos escolheram o CT da Barra Funda, do São Paulo, para treinar e se concentrar, mas o sorteio os colocou para jogar em Natal, Manaus e Recife, fazendo com que o time tenha de percorrer 14.326 quilômetros de ônibus e avião.

Com apenas 200 quilômetros a menos na contagem está a Itália, que optou por se refugiar em um resort em Mangaratiba (RJ) e, com isso, alcançará 14.126 quilômetros para atuar também em Manaus, Recife e Natal. A esperança dos europeus é conseguir autorização para utilizar uma base aérea militar local. Se a negociação der certo, economizará mais de 600 quilômetros. O México é outra equipe que ultrapassará a barreira dos 14 mil (14.040 quilômetros). A seleção, adversária do Brasil na primeira fase, ficará em Santos (SP) e vai jogar em Natal, Fortaleza e Recife.

Do lado oposto está a Bélgica, que teve sorte no sorteio das chaves. Ela escolheu Mogi das Cruzes (SP) e percorrerá apenas 1.984 quilômetros para jogar em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. A Argentina, por sua vez, ficará na Cidade do Galo, em Vespasiano (MG), e também viajará pouco pelo Brasil: apenas 3.590 quilômetros para atuar no Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Porto Alegre.

PESO DA ESTRUTURA – O caso da escolha de Campinas (SP) por Portugal é curioso. A seleção faz parte do Grupo G e jogará em Salvador, Manaus e Brasília. Mesmo tendo uma distância de 9.834 quilômetros para percorrer, o país manteve a preferência pela cidade paulista. Segundo Alexandra Caprioli, coordenadora do comitê Campinas Pró-Copa e diretora de Turismo da cidade, três fatores pesaram para a decisão dos dirigentes da seleção portuguesa: a proximidade do Aeroporto de Viracopos, a qualidade do hotel e a eficiência do atendimento. “A distância é grande, mas eles optaram por Campinas ao comparar as condições. Isso compensou as longas viagens”.

Campinas recebeu 24 seleções entre 2011 e dezembro de 2013, com mais de 30 visitas. Uma vantagem da cidade foi a preparação para receber os dirigentes. “Quando eles vieram, fizemos a escolta do grupo e um esquema de trânsito específico para eles, já visando ao Mundial”, contou Alexandra. Representantes de Portugal estiveram na cidade três vezes. A Nigéria, que também escolheu Campinas, realizou apenas uma visita, logo após o sorteio dos grupos da Copa, que ocorreu no dia 6 de dezembro.

Isso fez com que o mapeamento das exigências da seleção africana ocorresse já sabendo onde vai jogar. A cidade está providenciando uma reforma no gramado do estádio Brinco de Ouro da Princesa, onde a Nigéria fará suas atividades. A seleção portuguesa, por sua vez, treinará em dois locais – o estádio Moisés Lucarelli e o Centro de Treinamento da Ponte Preta. Isso ocorrerá para dar mais privacidade ao time liderado por Cristiano Ronaldo. Durante a Copa, os treinos abertos vão ocorrer no estádio. Os fechados, no CT.

CENTRO DO PAÍS – Em Goiânia, a distância relativamente pequena a ser percorrida seria um fator vantajoso para quem atuasse no Norte ou no Nordeste, mas isso não foi suficiente para as comissões técnicas. A cidade está localizada em um lugar estratégico do País, próxima a Manaus, Brasília e o Nordeste e tinha três opções no catálogo montado pela Fifa – o CT Urias Magalhães, o estádio Serra Dourada e o estádio Hailé Pinheiro -, mas acabou sendo preterida.

No total, 27 cidades do País, de nove estados, receberão as 32 seleções da Copa. Cinco delas terão duas equipes: Santos (Costa Rica e México), Itu (Japão e Rússia), Campinas (Nigéria e Portugal), Rio de Janeiro (Holanda e Inglaterra) e Vitória (Austrália e Camarões).

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