Dizem que o jogador manda mais no Grêmio que o presidente, Alberto Guerreiro. Já está há 15 anos no Olímpico, 9 como titular. É respeitado pelos colegas e pensa em, daqui a 10 anos, quando encerrar a carreira, iniciar a vida de cartola. O sonho é ser presidente. Danrlei se considera parte da história gremista. Afinal, conquistou títulos importantes, como o Brasileiro e a Libertadores.
Embora contestado por muitos, já viveu grandes momentos e mantém uma regularidade invejável. Contra o Santos, domingo, foi o melhor da equipe. E não tem nenhum constrangimento em dizer que merece um lugar na seleção. “Se fosse goleiro do São Paulo, Palmeiras, Corinthians, já teria disputado umas duas Copas”.
AE – Você se acha parte da história do Grêmio?
Danrlei – Minha situação no Grêmio é privilegiada, minha história já está escrita, conquistei títulos importantes. Mas, para aparecer fora do eixo Rio-São Paulo, é preciso fazer três vezes mais.
AE – E seleção brasileira?
Danrlei – Tenho certeza de que vou voltar. Acho que estou entre os três melhores goleiros. Há dois anos, sou o menos vazado do Brasileiro. Se jogasse no São Paulo, no Palmeiras, no Corinthians ou Flamengo, teria disputado umas duas Copas. Aqui (São Paulo), eles defendem duas bolas e aparecem. Eu tenho de defender oito. Ou será que o trabalho que faço há 9 anos no Grêmio foi só por sorte?
AE – Não acha que o seu temperamento o prejudicou?
Danrlei – Essa imagem polêmica, de louco, me prejudicou muito, mas nunca fui expulso por agressão. Nunca briguei com um jogador tirando o episódio do Válber. Brigo pelo meu time, mas nunca desrespeitei um colega.
AE – Por que, então, acha que criou essa imagem?
Danrlei – A imprensa gaúcha é muitas vezes tomada pela paixão. Não é tão profissional. Às vezes, o chefe da redação de um jornal é colorado, está com raiva de mim por algum motivo e pede para que o repórter fale mal do meu trabalho. Nos tempos do Ronaldinho, só se falava nele. Quando o Grêmio ganhava era graças ao Ronaldinho. Quando perdia, as pessoas diziam: “Apesar do Ronaldinho…”
AE – É verdade que quer ser presidente do Grêmio?
Danrlei – A princípio, quero trabalhar lá dentro, num cargo remunerado. Conheço tudo do clube. Daí, com o tempo, pretendo subir.
AE – As torcidas pegam no seu pé por causa do cabelo. Não pensa em mudar?
Danrlei – Deixei o cabelo crescer na época da final da Copa do Brasil do ano passado, quando ganhamos do Corinthians. Resolvi deixar comprido. E a tiara não uso por moda. É pra segurar o cabelo. Não penso em mudar, apesar de o pessoal pegar no meu pé.