Autor de dois gols nos últimos quatro jogos do Palmeiras, o atacante Willian vive um momento especial. O jogador se recuperou de uma grave lesão no joelho direito sofrida no final do ano passado no lance em que saiu o gol do título do Campeonato Brasileiro. Agora, após anotar contra Goiás e Fortaleza, o jogador relembra os momentos difíceis ao longo dos sete meses parado depois de uma cirurgia e de longas sessões na fisioterapia, assim como um trabalho mental.
Em entrevista exclusiva ao Estado, Willian relembrou o processo para voltar a jogar, como se manteve empenhado para não desanimar e aponta um membro da comissão técnica como um grande aliado em todo o processo. O atacante se apegou à religião e ao trabalho com um coach para confiar na possibilidade de se recuperar e de voltar a atuar em alto nível.
Como foi o seu processo o recuperação?
Fico feliz por esse momento, por essa sequência de vitórias, por esses dois gols, pela importância que gerou também a vitória. Fico feliz por isso. Mas vale lembrar todo o sacrifício daquilo que nos entregamos desde o primeiro dia na apresentação, dia 8 de janeiro, começamos um tratamento intensivo com o departamento médico, como sempre, fazendo o seu melhor. Tive praticamente cinco ou seis meses dentro da Academia. O pessoal quase não estava mais me aguentando (risos). Mas foi um período de muito aprendizado, de muita entrega. Fico feliz, muito grato a Deus pelos profissionais, pelas pessoas que estão aqui no clube que me deram essa confiança, esse cuidado, para que eu voltasse em alto nível. Colocando em prática tudo aquilo que eu vinha apresentando ano passado. Fico feliz por estar progredindo a cada jogo, sempre buscando fazer o melhor dentro de campo.
E a rotina, foi pesada?
No começo, como a gente mora próximo daqui, dava para tratar de manhã, ir em casa almoçar, levar as crianças na escola e depois voltar a tratar de novo. Mas chegou a um período que como já exigia mais, tinha que tratar, almoçar aqui mesmo no clube, descansar um pouco, depois voltar a treinar e chegar em casa só para a janta. Mas, como eu disse, tudo valeu a pena. Realmente eu me entreguei muito, trabalhei muito forte, fico muito feliz porque foi um trabalho em conjunto. Toda a diferença foi manter uma cabeça boa, focado naquilo que eu queria chegar, que era terminar minha essa recuperação, essa minha transição para o campo sem limitação alguma. Conseguir atingir esse nível depois de sete meses, comecei a ir para os jogos, entrar nas partidas sem nenhuma limitação. Agora eu me sinto em uma progressão positiva.
No jogo de domingo você comemorou o gol com o fisioterapeuta do Palmeiras, o Jomar Jottoni. Qual foi o papel dele no seu retorno?
A gente tem uma afinidade, uma relação bem próxima, pelo tempo que a gente se conhece. Ele foi um cara que ficou bem perto de mim nesse momento, assim como outros profissionais. O Jomar é um cara que eu sempre brinco, mais ele até brinca comigo, que ia pedir umas férias de uns 30 dias, porque não estava me aguentando mais. Mas é um cara que sempre me ajudou muito, sempre à disposição para me ouvir, para fazer o seu melhor para a minha recuperação. Tudo aquilo que nós planejamos, conseguimos colocar em prática nos trabalhos, conseguimos ter bons resultados no trabalho e tudo isso a gente está conseguindo colher hoje. Então isso quando eu fiz o gol ali, eu apontei para ele, dei um abraço nele, já tinha comentado que ia fazer um gol para ele.
No primeiro semestre, enquanto o time estava com bons resultados, você não podia jogar e estava machucado. Foi aquele o pior momento da sua lesão?
Como eu disse na minha primeira coletiva, quando eu voltei da lesão, o momento que eu sofri foi mesmo depois da notícia, quando eu saí da clínica e o doutor (Gustavo Magliocca, médico do Palmeiras) me ligou dizendo que realmente eu tinha rompido o ligamento, ia ter de passar pela cirurgia. Veio essa dor no coração, por tudo o que passamos durante o ano, por tudo aquilo que produzimos, no dia anterior tinha sido campeão. E na segunda-feira receber essa notícia que rompi o ligamento não é fácil. Porém, quando desliguei o telefone com o doutor, liguei para minha esposa para ver nossa agenda, porque na semana seguinte íamos viajar de férias.
Como você superou o abatimento?
Eu cuidei para nenhum sentimento ficar remoendo dentro de mim. Procurei pensar positivo, que ia dar certo a cirurgia e a recuperação seria incrível. Por isso eu não sofri nada. Claro que como jogador e vendo meus companheiros jogar, a gente sofre no sentido de querer estar dentro do campo ajudando de alguma forma, mas nenhuma frustração. Foi um momento que estava bem tranquilo e com a cabeça boa, focado na minha recuperação para ajudar meus companheiros.
E como sua família tem reagido?
Os filhos acompanham pela televisão, sempre se alegram muito. É prazeroso e gratificante depois desses momentos, chegar em casa e ter um parabéns da esposa e do seu filho. Isso que nos alegra e incentiva dentro de campo a correr por eles.