A exemplo de milhões de mulheres por todo o mundo, o time do Rexona-Ades, que disputa a Superliga Feminina de Vôlei, comemora o Dia Internacional da Mulher com muito trabalho. Para a líbero Ana Maria Volponi, a mais velha da equipe com 37 anos, festejar o seu dia trabalhando faz parte das conquistas que as mulheres buscaram ao longo dos anos.
“Procuro sempre dar o melhor de mim. Temos um objetivo pela frente que é garantir o terceiro lugar na classificação geral e para conseguir isso vou ter de trabalhar no Dia Internacional da Mulher, com muito prazer”, disse a jogadora que treina amanhã para a última partida do primeiro turno, com o Força Olímpica.
Para Volponi, se dividir entre ser atleta, mãe das gêmeas Mariana e Beatriz, de quatro anos, e esposa dá à vida um sentido mais amplo.
“Tem um lado muito bom e outro que é desgastante. Mesmo cansada procuro arranjar tempo para dar atenção às filhas. Elas em compensação sempre têm uma novidade que me alegra. Com o casamento, a responsabilidade aumentou, mas hoje também tenho com quem dividir as minhas conquistas. No lado profissional tenho que sempre buscar melhorar. O segredo é encontrar o equilíbrio em tudo”, ensinou.
Caçula do Rexona-Ades, a mais jovem jogadora do time, a atacante Suelle mostra que com apenas 16 anos já tem bastante maturidade para saber valorizar as conquistas femininas e vê nas diferenças entre a sua vida e a da mãe, Irani Franco, um grande exemplo das mudanças ocorridas no mundo nos últimos anos.
“Minha mãe queria jogar futebol. Esse era o grande sonho dela, mas naquele tempo isso era impensável. Ela jogava escondido dos pais, mas não pôde seguir carreira. Hoje, as mulheres fazem praticamente tudo. Ainda existe algum preconceito, mas estamos vencendo”, afirmou.
Superar preconceitos também é, para a meio-de-rede Viviane, um dos maiores desafios que a mulher ainda enfrenta.
“A cada dia conquistamos mais espaço na sociedade e mostramos que merecemos respeito. Os homens, muitas vezes inconscientemente, ainda tentam nos brecar bastante. A nossa busca é justa, mas não podemos esquecer que não podemos deixar de ser femininas”, lembrou Viviane, que com 1m94 é a mais alta jogadora do Rexona-Ades.
A meio-de-rede Cláudia, que faz sua quarta temporada na equipe curitibana, é mais crítica.
“Falta respeito. A mulher ainda é vista como menos inteligente. Um bom exemplo é no trânsito onde os homens, e inclusive muitas mulheres, demonstram que pensam que na direção a mulher não é tão boa quanto os homens. Outro exemplo está da admissão aos cargos mais importantes das empresas. Se for homem, é admitido por causa da competência. Se for mulher, muitas vezes ouvimos que usou meios ilícitos. As pessoas esquecem que muitas mulheres são independentes e fundamentais para o equilíbrio financeiro da família”, argumentou.
Com o jeitinho mineiro, a atacante Sassá festeja a data comemorada em todo o mundo.
“Acredito que é um dia superimportante porque só o fato de existir já mostra que conquistamos um espaço na sociedade. Hoje, temos o privilégio de viver num mundo que tem a cabeça um pouco mais aberta”.
Sempre concentrada no trabalho, a levantadora Fofão, que vai se casar em maio, lembra que a profissão de atleta leva as jogadoras a sacrifícios na vida pessoal.
“Estamos sempre treinando. É difícil ter tempo para comemorar datas. O esporte dá muita felicidade, mas também requer sacrifícios. Algumas atletas, por exemplo, até tentam ser mãe cedo, mas é difícil”, disse a levantadora, que na próxima quarta-feira, dia 10 de março, quando o time enfrenta o Brasil Telecom, completa 34 anos.
Todo atleta busca, naturalmente, um condicionamento físico o mais próximo possível da perfeição. Mas essa busca, no caso das mulheres, muitas vezes gera outra preocupação que é a masculinização. Segundo o preparador físico do Rexona-Ades, Marco Antonio Jardim, muitas vezes a mulher precisa ser cativada, tratada com jeitinho.
“No trabalho com o corpo é normal a preocupação com a estética. Como lidamos com força, muitas vezes temos o cuidado de mostrar para as meninas o lado saudável e bonito para elas não se sentirem masculinizadas, embora hoje em dia já tenhamos uma cultura que ajuda a questão do músculo desenhado. Esse é o corpo bonito atual”, explicou.
Com a experiência de sete anos como auxiliar-técnico no Rexona-Ades, somada a muitos anos de trabalho junto ao técnico Bernardo Rezende na seleção brasileira feminina e atualmente na masculina, Ricardo Tabach explica as diferenças entre os grupos de homens e mulheres.
“Trabalho muito tempo com o feminino e posso afirmar que dá um grande prazer. O posicionamento de respeito e cobrança é igual ao do masculino, mas existem diferenças. A mulher é mais sensível, precisamos estar atentos aos problemas que acontecem fora da quadra porque podem interferir no trabalho. Com elas precisamos conversar mais e ter sensibilidade para saber buscar e exigir de maneira que respondam bem ao trabalho. Os homens conseguem extravasar os problemas no esforço dos treinos. Parabéns às mulheres por seu dia!”, concluiu Tabach.
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