São Paulo – Nada mais assusta Estevam Soares no Palmeiras. Nem mesmo as vaias de quase todo o Palestra Itália após a vitória por 2 a 0 sobre o Tacuary, quarta-feira, pela Libertadores da América. Chamado de burro e retranqueiro, o técnico jurou que não liga para os protestos dos torcedores, disse que não sente que seu cargo está ameaçado e que seu projeto para a equipe não será afetado.
"Continuo atrás do time ideal e isso leva tempo. O meu trabalho não vai mudar. Sou um profissional direito, que cumpre horários. As coisas no CT não vão mudar, porque não posso me preocupar com o resto", afirmou Estevam.
Mas a pressão de conselheiros tem sido enorme sobre Afonso Della Mônica, presidente recém-eleito. Muitos querem a cabeça de Estevam. Só que o dirigente, seguindo uma das lições deixadas pelo seu antecessor, Mustafá Contursi, só vai demitir o treinador em última instância.
Nos bastidores do Palestra Itália, a dúvida não é se Estevam será ou não demitido – a dúvida é quando isso vai acontecer. Muricy Ramalho, atualmente no Internacional, é um dos nomes que mais agradam aos conselheiros contrários à permanência de Estevam.
Sobre a pressão da torcida, Estevam lembrou que até Luiz Felipe Scolari sofreu em sua vitoriosa passagem pelo Palmeiras, entre 97 e 2000. "O Felipão cansou de reclamar dessa tal de Turma do Amendoim", disse o treinador.
Como já virou costume, porém, o técnico não deixou de descontar na imprensa as vaias que recebeu da torcida. As maiores críticas eram com relação a algumas reportagens de TV, que lembravam fiascos recentes do Palmeiras contra times inexpressivos no Palestra Itália. "Falaram do XV de Jaú, do Ceará, do ASA de Arapiraca, do Santo André. Mas se esqueceram de enaltecer o trabalho dos homens deste atual elenco. Imaginem como ficou a cabeça dos jogadores! Poxa, gente, o Palmeiras é mais um time brasileiro na Libertadores…", disse o treinador, num misto de indignação e lamentação, aos jornalistas. "Para reanimar os jogadores, tive que mostrar a eles o lado bom de se jogar no Parque Antártica."
Nem todos os jogadores assimilaram o discurso. Muitos admitiram que se assustaram com o comportamento da torcida. Principalmente os novatos. O meia Cristian, por exemplo. Recém-contratado do Paraná, ele foi um dos que estranharam a atitude dos torcedores. "Eu, que estou chegando agora, fiquei sem entender nada. O time ganha e o treinador é vaiado? Nunca tinha visto isso", disse Cristian.
Marcel, que entrou no final do jogo contra o time paraguaio, pinta como favorito na disputa com Diego Souza. "O Marcel entrou muito bem", comentou Estevam.
O zagueiro Nen, com uma contusão no tornozelo direito, é dúvida. Se não puder jogar, Gabriel será seu substituto.
Ontem, o elenco teve o primeiro dia de folga desde o início da temporada, em 15 de janeiro. No grupo 4 da Libertadores, o Palmeiras estreará contra o Cerro Porteño, no Paraguai, no dia 2 de março. Os outros integrantes da chave são o Santo André e Deportivo Táchira (VEN).