No Brasil, movimentos na internet, ainda tímidos, pedem a mudança no nome dos estádios do Engenhão, no Rio, e do Parque do Sabiá, em Uberlândia (MG), ambos batizados oficialmente como “João Havelange”, presidente de honra da Fifa envolvido em caso de corrupção da entidade. Nos EUA, em processo semelhante, ações já foram tomadas.
A imprensa americana afirma que a Universidade Penn State deve retirar, ainda neste final de semana, a estátua do ex-técnico Joe Paterno que adorna o estádio Beaver, onde joga o time de futebol americano da instituição, um dos mais tradicionais e vitoriosos do país.
Idolatrado por décadas, Paterno viu sua popularidade cair quando, em novembro de 2011, a Justiça decretou a prisão de seu ex-assistente, Jerry Sandusky, acusado de molestar garotos de oito a 15 anos. Parte desses crimes teria acontecido no período em que Sandusky trabalhou na Penn State, uma das universidades que mais formaram atletas para a NFL, a milionária liga profissional de futebol americano dos EUA.
O escândalo causou a demissão de Paterno, morto em janeiro em decorrência de um câncer aos 85 anos. Sandusky, 68, foi condenado recentemente e aguarda a sentença. A expectativa é que passe o resto da vida na cadeia.
Uma investigação interna contratada pela universidade, porém, ampliou a polêmica. Conduzida por um ex-agente do FBI e divulgada há poucas semanas, a apuração concluiu que Paterno e membros de alta cúpula da Penn State sabiam dos crimes de Sandusky ao menos desde 1998 e decidiram escondê-los para evitar constrangimentos à instituição.
O relatório gerou uma onda de indignação no país e mancha, de vez, o histórico de um dos mais brilhantes técnicos americanos. Paterno dirigiu os Nittany Lions por 45 anos e detém o recorde de vitórias no esporte (409), 24 títulos de Bowls (partidas mais importantes ao final da temporada), além de dois títulos nacionais.
Na época de sua demissão, os estudantes reagiram com violência, contrários à decisão. Então, Paterno negava conhecimento dos crimes de Sandusky.
As reações começaram antes da decisão da Penn State, ainda não confirmada oficialmente, de retirar a estátua do treinador. No começo do mês, a Nike tirou o nome de Paterno de um de seus centros de desenvolvimento infantil. “É uma tragédia terrível que crianças não foram protegidas de crimes como esses”, explicou a empresa, em nota.
Decisões semelhantes foram tomadas por colégios e outras universidades que batizavam premiações e campeonatos com o nome de Joe Paterno.
O escândalo também pode causar mais estragos à Penn State. A NCAA (organização que comanda o esporte universitário americano) estuda sanções à universidade, que vê o risco de ser suspensa temporariamente, punição aplicada apenas uma vez na história, em 1987, à SMU, por pagamento ilegal a atletas.
A “pena de morte”, como é chamado o castigo, derrubou o time de futebol da SMU, até então de sucesso -a equipe ficou um ano suspensa e desistiu de atuar por mais uma temporada. Foram praticamente 20 anos sem que os Mustangs ocupassem papel de destaque no esporte, além dos problemas financeiros causados pela decisão.