São Paulo – A perfeição ainda está longe de ser alcançada, mas o Estatuto do Torcedor vem diminuindo as diferenças entre a qualidade dos estádios do Brasil e do exterior e deixando-os mais próximos de cumprir as exigências para organizar jogos de Copa do Mundo.
Do Olímpico e Beira-Rio, em Porto Alegre, ao Vivaldão, em Manaus, quase todos os grandes estádios do País passaram por reformas que melhoraram a situação de segurança e conforto. Mas uma coisa é certa: se o Brasil quer ser sede da Copa de 2014, muito investimento deverá ser feito para modernizar ou, em alguns casos, reconstruir os estádios com capacidade mínima de 60 mil pessoas (uma exigência da Fifa para o mundial).
Um dos exemplos é o Estádio do Morumbi. Apesar de todos os esforços do São Paulo para adequá-lo ao Estatuto do Torcedor e às recomendações de modernização da Fifa, o diretor de Planejamento e Desenvolvimento do clube, João Paulo de Jesus Lopes, admite que vai precisar de ajuda.
Segundo o dirigente, desde o ano passado, quando se começou a falar na possibilidade de o Brasil organizar a Copa, o São Paulo começou a fazer estudos. O trabalho não foi concluído. “Mas sabemos que só com investimentos do poder público poderíamos fazer todas as reformas.”
João Lopes lembra que só a criação de um sistema de monitoramento do público dentro e fora do estádio (64 câmeras digitais, sendo duas de foco de grande alcance, e três centrais de recepção das imagens) custou R$ 1,5 milhão. O novo sistema foi inaugurado no jogo Brasil x Bolívia, pelas Eliminatórias da Copa.
Hoje, segundo o diretor são-paulino, é possível ter imagens aproximadas de todos os setores do Morumbi, que podem ser gravadas e armazenadas em CD-ROM para identificação de infratores. O próximo passo será criar um sistema de emissão de fotos via celular que ajudaria as autoridades a identificar e prender quem cause distúrbio. Fora isso, o clube cuidou para que outros itens do estatuto e das recomendações da Fifa fossem observados, como, por exemplo, a sinalização de orientação ao torcedor e o fornecimento de alimentos dentro do Morumbi. Algumas das exigências da Fifa que ainda teriam de ser cumpridas são cadeiras com encosto e numeradas para todos os torcedores, aumento do setor reservado à imprensa, além de melhorias nos vestiários.
Maracanã
No Rio, os administradores do Maracanã já observam algumas dessas determinações na reforma do estádio. Francisco de Carvalho, o Chiquinho da Mangueira, pretende até dezembro de 2005 preparar o local para os Jogos Pan-Americanos de 2007 e, até mesmo para a Copa do Mundo de 2014, se o Brasil for o país escolhido.
Segundo o secretário de Esportes, as obras no Maracanã estão no início e vão custar cerca de R$ 45 milhões. Chiquinho afirmou que a capacidade do Maracanã vai passar de 60 mil para 90 mil, graças também ao fim da geral, que será substituída por 18 mil cadeiras cobertas. O campo será rebaixado em 1,20 metro para facilitar a visão dos torcedores. Serão instaladas ainda 60 câmeras de vigilância – hoje tem 22. A área do estacionamento será ampliada de 1.200 para 4 mil vagas. O número de banheiros subirá de 28 para 40.
“O Maracanã se enquadrou há algum tempo em cada norma do Estatuto do Torcedor”, diz Chiquinho. Ele citou, por exemplo que as brigas entre torcedores no interior do Maracanã chegaram “a zero”. Mas a paz não é absoluta. Em junho, na final da Copa do Brasil entre Flamengo e Santo André, um homem desferiu um soco no rosto do presidente do clube carioca, Márcio Braga, no hall dos elevadores.