O estádio construído para a primeira Copa do Mundo da história, em 1930, vive um dilema similar ao de parte das arenas erguidas para o último Mundial, o de 2014. O Centenário, em Montevidéu, vai receber o jogo entre Uruguai e Brasil, pelas Eliminatórias da Copa de 2018, e viverá um raro momento de utilização para jogos de futebol e de boa ocupação das arquibancadas.
O único estádio do mundo a ser declarado pela Fifa como monumento do futebol mundial passa por um período de quase esquecimento. A tradição e a história do local, inaugurado em 1930 e sede da primeira final de Copa, não têm sido suficientes para atrair partidas de futebol. Apenas três jogos foram realizados no Centenário neste ano. Foram dois jogos pela Copa Libertadores e outro pelo campeonato local. Somados, os públicos presentes não chegam a 10 mil pessoas – a capacidade é para cerca de 60 mil.
O período de grande dificuldade para o Centenário começou em março do ano passado. O principal inquilino do estádio, o Peñarol, inaugurou a própria arena e mudou o local onde mandava as partidas. “Isso é algo que nos preocupa financeiramente. Vamos ter de substituir por eventos de outro caráter, desenvolver atividades comerciais, ter atrações culturais, religiosas, publicitárias e musicais”, disse o diretor-geral do estádio, Mário Romano.
Segundo Romano, antes dessa mudança do Peñarol o estádio recebia em média 60 partidas por ano. O custo mensal de manutenção é de R$ 300 mil. A taxa de aluguel cobrada aos clubes é de aproximadamente R$ 35 mil, fora gastos extras com seguranças, luz e pessoal.
No último ano o estádio não ficou com as contas no prejuízo pois recebeu o show da banda inglesa Rolling Stones. Neste ano, porém, o Centenário teve outro problema além da pouca utilização – um funcionário fez uma festa familiar no local e as fotos foram parar nas redes sociais. Apesar dos problemas, o estádio é um dos pontos turísticos da cidade, principalmente pelo museu localizado nas dependências. A seleção uruguaia faz questão de jogar como mandante no local.