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O técnico Valdyr Espinosa, do Atlético, vai exigir atenção total de seus jogadores para a partida de hoje, às 20h30, contra o Fluminense. Após recuperar o bom futebol diante do São Paulo, o treinador quer retomar o caminho das vitórias, que não acontecem há cinco partidas.
Para tanto, a sonolência da última apresentação do time no Maracanã (palco do jogo contra o Tricolor), quando o time praticamente entregou os pontos para o Flamengo, está descartada.
“Temos que ficar atentos, se não acontece o mesmo jogo contra o Flamengo”, dispara Espinosa. Para ele, a cada partida a exigência será maior ainda. “Vou pedir para eles melhorarem a finalização e também a postura coletiva”, revela Espinosa. Ele não abre o jogo, mas o recado é claro. O time está sendo muito preciosista na hora de marcar o gol e alguns jogadores estão retendo a bola demais. Principalmente Dagoberto. Mas, o técnico garante que tudo isso será resolvido aos poucos. “Temos que resolver os problemas que acontecem a cada segundo”, destaca.
Além dos treinamentos técnicos e táticos, Espinosa tem atacado também a mente dos jogadores. Frases de efeito têm sido utilizadas para animar a equipe. “Eu sempre digo para eles: vocês podem, mas o importante é que vocês façam”, alerta. Segundo ele, o mais importante é que os jogadores confiem no potencial que possuem.
Para pegar o Fluminense, o treinador tem apenas uma dúvida e um desfalque no banco. A dúvida é o volante Douglas Silva, que saiu do treino de ontem sentindo a coxa, mas que deverá ser aproveitado. “O Douglas está fazendo os exames. Se ele puder jogar, repete-se o time. Se não, entra o Preto”, avisa o técnico. Já o atacante Alex Mineiro foi liberado para resolver problemas particulares e não participará da partida contra o Fluminense. A filha do jogador está hospitalizada. Com isso, Espinosa chamou o meia David para compor o banco.
Mesmo com a motivação elevada, os jogadores não acreditam em jogo fácil. “É mais um jogo difícil e vamos precisar de muita força e vontade para irmos em busca da vitória”, aposta o lateral-esquerdo Fabiano. De acordo com ele, se o time vencer as próximas partidas irá arrancar em busca da classificação e das primeiras colocações.
Douglas torce por recuperação e boa atuação
O volante Douglas Silva, do Atlético, está aliviado por ter se livrado de uma suspensão. Na segunda-feira, ele foi julgado pela expulsão contra o Santos e ganhou apenas um jogo de suspensão (já cumprido) e uma multa. No entanto, no treinamento de ontem ele sentiu o músculo posterior da coxa direita e está arriscado de ficar de fora do jogo contra o Fluminense. Mesmo assim ele viajou para o Rio de Janeiro e contou a O Estado que está confiante em poder jogar e na reabilitação da equipe.
O Estado – Você ficou aliviado por ter pego apenas um jogo e uma multa pela expulsão contra o Santos?
Douglas Silva – Realmente, a gente nunca sabe o que pode acontecer nesses julgamentos. Mas, como eu tinha sido expulso por ter levado dois cartões amarelos e a falta não foi violenta, houve apenas um encontrão com o outro jogador, eles entenderam que um jogo estava de bom tamanho. Agora, é só viajar e ajudar o time a conseguir mais uma vitória no Rio de Janeiro.
O Estado – Pelo bom momento que você vem passando, seria ruim sair do time agora?
Douglas Silva – Seria, até porque eu estou atravessando uma fase muito boa. Eu venho fazendo excelentes partidas e acho que fica prejudicial, não só para mim, mas também para o grupo todo. Atuar nos jogos com uma equipe que já está adaptada e entrosada ajuda bastante.
Roni substitui Romário
Depois de passar quase uma semana se preparando na Granja Comary, em Teresópolis, o Fluminense volta a jogar hoje, contra o Atlético-PR. Além de tentar apagar a má impressão após a derrota de 6 a 0 para o São Paulo, o Flu terá a chance de se vingar do Furacão, que o eliminou nas semifinais do último Brasileirão ao vencer por 3 a 2 na Arena da Baixada.
Na 20.ª colocação no campeonato, com 14 pontos, o tricolor carioca terá o desfalque de Romário, punido pelo STDJ com um jogo de suspensão pela agressão ao companheiro Andrei, na partida contra o São Paulo. Roni será o seu substituto.
O técnico da equipe, Renato Gaúcho, fará ainda outras três alterações no time. O zagueiro Zé Carlos e o apoiador Yan entram, respectivamente, nos lugares de César e Fernando Diniz, suspensos. Na lateral esquerda, Alonso, que chegou na semana passada, emprestado pelo Criciúma, barrou Marquinhos e começa jogando.
A grande preocupação de Renato Gaúcho em Teresópolis foi em acertar a defesa, a segunda mais vazada da competição, com 25 gols sofridos. Até porque o Furacão, adversário de hoje, tem um dos melhores ataques do Brasileiro – 22 gols, mesmo número do São Paulo.
Desbravadores do futebol libanês
Gisele Rech
A nova realidade do futebol brasileiro, que tenta equilibrar as contas reduzindo os investimentos no esporte, tem feito alguns profissionais superarem o medo em busca de um horizonte mais promissor. Foi justamente o que aconteceu com o grupo de brasileiros que hoje faz parte do elenco do Olimpik Beirut, time da primeira divisão do futebol libanês e único do país totalmente profissionalizado. O grupo está fazendo uma série de amistosos no Brasil e tem o saldo, até agora, de duas vitórias e três derrotas. A última aconteceu diante do Atlético, por 4 a1, em jogo-treino realizado na segunda-feira, no CT do Caju.
Os jogadores Salomão e Marcílio foram os precursores no caminho ao Líbano e até já adquiriram dupla nacionalidade. Há quatro meses, juntaram-se a eles o meia Edílson e o atacante Sílvio, os dois com passagens pelo Paraná Clube, e uma comissão técnica também tupiniquim, formada pelo técnico Estevam Soares, o preparador físico Walter Grassmann, o preparador de goleiros Wílson e o massagista Manduca.
Tamanha absorção de profissionais brasileiros foi um reflexo direto do trabalho realizado há algum tempo no Japão e um pouco mais tarde na Coréia. “O profissional brasileiro é referência no mundo. Somos mestres no assunto. Com o pentacampeonato, essa valorização ficou ainda melhor”, disse o técnico Estevam Soares à Tribuna.
Após levar calotes de clubes como CSA e Náutico, Soares passou por cima de seus temores em trabalhar em um país outrora devastado pela guerra e abraçou o sonho do dono do time, o milionário Taha Koleilat. “O convite veio através do Samir Haidar (dirigente atleticano) e resolvi aceitar o desafio. A estrutura do clube é muito boa e o desafio de levar o time à conquista do título é estimulante. Além disso, conhecer uma cultura totalmente distinta da nossa é muito interessante”, diz. Para acompanhá-lo, chamou o colega Walter Grassmann, com quem trabalhou no Guarani, ao lado do também treinador Vadão, ex-Atlético Paranaense.
Desafio
Mais do que chegar em primeiro lugar no campeonato libanês, que é disputado por 12 equipes e terá início no dia 20 de outubro, a idéia do milionário é servir de exemplo às demais equipes, abrindo a possibilidade de o Líbano finalmente chegar a uma copa do mundo. “Os libaneses são loucos por esporte. Quando a seleção local de basquete jogou contra o Brasil, Beirute parou. Imagina no dia em que a seleção de futebol disputar um mundial” (até hoje a seleção libanesa não conseguiu passar sequer da primeira fase das eliminatórias asiáticas).
Na opinião de Estevam Soares, esse sonho não é algo muito distante. “Diferente dos japoneses e coreanos, os libaneses têm uma condição técnica muito boa e com a dedicação que têm mostrado, vão chegar longe. O que eles mais precisam é assimilar disciplina tática”.
Para o jogador Edílson, a chance de defender o time libanês caiu como uma luva. Com passe livre, Edílson vinha enfrentando o sério problema que os atletas menos conhecidos estão tendo com a nova Lei do Passe, o desemprego. “O mercado está muito difícil. É muita fartura de jogadores nas minhas condições. Por isso, decidi arriscar a sorte no Olimpik e estou me sentindo muito satisfeito”.
O receio inicial de jogar em um país marcado por problemas políticos e questões religiosas foi suplantado pelo ambiente de amizade que existe com os companheiros de clube e pela beleza da capital libanesa. “Quando meu procurador me falou do Líbano, fui localizar no mapa e fiquei cabreiro por tudo que a gente ouve falar. Mas quando cheguei, me senti praticamente em casa”, diz Edílson. É bem verdade que o grande número de orações que os companheiros fazem durante o dia causou certa estranheza, mas os hábitos brasileiros também despertam curiosidades. “Eles me perguntam, através do intérprete, muitas coisas sobre o Brasil e não apenas de futebol. Essa passagem pelo Brasil está sendo muito legal para eles comprovarem que o nosso país tem outras riquezas além do futebol”, concluiu.
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