Superação das dificuldades pessoais através da integração social propiciada pelo esporte. O exemplo disso é a participação efetiva de 720 atletas portadores de deficiência de todo o Estado em mais uma edição dos Jogos Especiais, que nesse ano estão sendo realizados simultaneamente à 51.ª edição dos Jogos Colegiais do Paraná, em Curitiba. O evento vai até amanhã, e está sendo disputado em diversos locais de competição da capital.
Esta é a primeira experiência de realização simultânea dos Jogos Colegiais e de competições reunindo portadores de deficiência, e as disputas estão acontecendo nas modalidades de atletismo, basquete e futsal.
Um dos destaques entre os atletas especiais é a jovem Rafaela Luzia Lins, de 17 anos. Praticante do salto em altura há três anos, a atleta vai participar no final do mês do Global Games, uma competição entre portadores de deficiência de todo o mundo, na Suécia. Natural de Rolândia, Norte do Paraná, Rafaela explicou que precisa adaptar as condições de treinamento na escola especial a qual freqüenta, pela falta de equipamentos próprios para as provas nas quais compete. “Corro em volta do colégio como forma de treinamento. A preparação é muito importante”, destacou a atleta. Rafaela também está se preparando para outras competições, como nos 100m com barreira e salto em distância. Ela é portadora de deficiência mental.
De acordo com o coordenador dos Jogos Especiais, José Ricardo, apesar das dificuldades, Rafaela salta em média 1,20m ou 1,25m. “Comparando com uma atleta regular, a média é mais baixa, mas a capacidade de superar os problemas e conseguir competir é o que conta e o que chama a atenção de todos os outros atletas”, explica.
Ricardo trabalha com portadores de deficiências há dez anos, e ressalta a importância da integração com outras crianças, criando assim um ambiente propício à melhora da sociabilidade dessas crianças. “Promover a inclusão social através do esporte é uma das maiores iniciativas que devem ser feitas em todo o País. Percebemos que a não distinção dos atletas é essencial para que isso acabe com as diferenças”, diz.
Ano passado foi a primeira vez que os dois eventos foram realizados paralelamente, mas, segundo o professor, por ser o primeiro ano, a participação não foi sólida como se esperava. Ricardo destaca que os alunos do ensino regular se entusiasmam e acabam incentivando os atletas especiais vendo a capacidade de superação que eles apresentam. “Essa troca de experiência é extremamente importante. É possível acompanhar, nas arquibancadas, a torcida pelos atletas especiais. Todos ganham com a junção dessas competições”, completou.