O jogo que o mundo esperava para ver vai acontecer no próximo domingo, no Maracanã. Nesta quinta-feira, a Espanha se garantiu na final da Copa das Confederações contra o Brasil ao passar pela Itália num jogo técnico e bastante equilibrado no Castelão, em Fortaleza. Os dois rivais europeus empataram em 0 a 0 no tempo normal e na prorrogação e a vitória espanhola veio nos pênaltis, por 7 a 6. Só Bonucci errou a batida. Jesus Navas converteu o gol decisivo.
O primeiro tempo foi todo da Itália, que criou diversas boas chances de gol, apesar de a Espanha ter tido mais posse de bola. Na segunda etapa, quando ambos já demonstravam muito cansaço e o jogo caiu bastante de qualidade, aconteceu o contrário: os italianos tiveram a bola por mais tempo, mas foram os espanhóis que se arriscaram mais no ataque. Na prorrogação, com mais fôlego, a atual campeã do mundo foi mais perigosa e criou pelo menos quatro chances reais de gol. Na melhor delas, Buffon errou e o chute de Xavi parou na trave. Logo no comecinho do tempo extra, Giaccherini também havia carimbado o poste.
A Espanha terá apenas 72 horas para descansar antes da final da Copa das Confederações, um dia a menos do que o Brasil. A decisão será neste domingo, às 19 horas, no Maracanã. O terceiro lugar será decidido entre Itália e Uruguai, também no domingo, em Salvador, às 13 horas.
O JOGO – Os primeiros dois minutos de partida enganaram. A Espanha deu a saída de bola, chegou duas vezes ao ataque, arriscou um chute a gol com Pedro e enquanto isso a Itália deu apenas três míseros toques na bola. Mas o que se viu a partir dali foi um jogo bastante diferente do esperado. Não que a Espanha não tivesse a posse de bola na maior parte do tempo (ao fim do primeiro tempo eram 62%), mas a Itália soube jogar muito melhor na base do contra-ataque.
Aos 3 minutos, por exemplo, a jogada foi no mano a mano, quatro contra quatro. Gilardino tocou da direita e Giaccherini mandou para fora. Aos 7, Maggio cabeceou para fora. Aos 14, Gilardino recebeu na área, desviou de primeira, mas mandou à esquerda do gol.
A Espanha rodava a bola, mas ninguém parecia confiar em Fernando Torres, que ganhou a vaga de Soldado. David Silva, no lugar de Fábregas, também não rendia. Assim, a costumeira sequência de passes beirava a área, mas não levava perigo ao gol de Buffon.
A Itália, quando roubava a bola, partia em contra-ataque. Dos 16 aos 18 minutos, foram mais três chances reais. Casillas pegou um cabeceio feito por De Rossi, outro desvio do meia foi para fora, enquanto que Maggio, também pelo alto, mandou raspando a trave.
Depois de um período de poucas emoções no jogo, a Itália voltou a pressionar aos 35 minutos. Primeiro Giaccherini fez jogada pela esquerda e deu cruzamento perfeito para Maggio, que cabeceou para ótima defesa de Casillas. No minuto seguinte, Barzagli arriscou de meia distância e mandou para fora.
Quando o jogo já chegava a impressionantes oito chutes a gol da Itália contra só um da Espanha, a melhor chance da partida. Torres, então sumido, recebeu na área, girou como quis sobre Barzagli e bateu cruzado. Buffon ficou olhando a bola passar raspando a trave esquerda. Antes do fim do primeiro tempo, a Itália ainda teve mais uma chance, com De Rossi, mas Casillas tirou de soco.
O ritmo do primeiro tempo, porém, não foi visto na volta do intervalo. Em um dos primeiros lances, Iniesta avançou pela esquerda, tabelou com Torres, mas chutou para fora. Depois disso, o cansaço passou a falar mais alto. A Itália, que correu mais no primeiro tempo, sentiu mais.
As mudanças não mudaram o panorama. Montolivo substituiu Barzagli ainda no intervalo, enquanto que Jesús Navas entrou no lugar de David Silva aos 6 minutos. O reforço do Manchester City até tentou implementar a correria, sem resultado.
Passados 25 minutos de futebol na segunda etapa, a Espanha havia dado três chutes a gol, nenhum com perigo. A Itália, só um, também sem ameaçar. Tentando evitar a prorrogação, os dois times passaram a se esforçar mais em abrir o placar. Os italianos, pelo alto. Os espanhóis, na correria. Encontravam, ambos, marcação afrouxada, uma vez que o cansaço falava alto sob calor de 29 graus.
A Espanha aproveitou melhor e arriscou mais. Tanto que, aos 39 minutos, criou a única chance real de gol do segundo tempo. Torres carregou pelo meio e tocou para Navas, que rolou para o meio. Piqué apareceu como homem surpresa, mas chutou por cima. No último lance do jogo, aos 48, falta de Xavi na área, De Rossi desviou e tirou da cabeça de Piqué.
PRORROGAÇÃO – Depois de 10 minutos de descanso, os jogadores dos dois times voltaram com outra disposição para o tempo extra. Logo aos 2, a Itália acertou a trave de Casillas com Giaccherini. Candreva criou a jogada pela direita e cruzou para Giovinco, que foi travado por Piqué. A bola sobrou para o lateral, que chutou muito forte. O goleiro só assistiu a trave balançar.
A Espanha respondeu rápido, mas viu as melhores chances caírem nos pés dos seus defensores. Duas das oportunidades foram de Piqué. Em uma, o defensor demorou demais para chutar e mandou por cima. Em outra, cabeceou mal e De Rossi salvou. Quando a bola caiu em Sergio Ramos, o defensor demorou a perceber e acabou errando. Na única jogada genial de Iniesta no jogo, Alba também mandou por cima do travessão.
Depois de mais 110 minutos de futebol, os espanhóis tinham mais fôlego. E criaram chances melhores, como um chute colocado de Mata, que passou à direita do gol italiano. Ou numa batida de Xavi, que arriscou de longe e quase contou com a ajuda de Buffon. O goleiro foi com a mão mole, falhou, e viu a bola bater na trave. No rebote, Martínez chutou cruzado, para fora.
No último ataque, quando a torcida (o tempo todo do lado da Itália) já pedia o fim do jogo, a Espanha quase fez. Em um contra-ataque quatro contra três, Navas rolou para Martínez, mas o volante tentou fazer de placa e furou.
PÊNALTIS – Candreva começou as cobranças tentando desmoralizar os espanhóis, marcando numa belíssima cavadinha. Xavi não se desequilibrou e fez 1 a 1. Casillas acertou o lado, mas não pegou a cobrança de Aquilani. Buffon também pulou no canto certo, mas não é fácil pegar a batida de Iniesta.
De Rossi bateu muito bem, no ângulo, mas Piqué fez a alegria da esposa Shakira, que estava na arquibancada, e deixou tudo igual de novo. Casillas nem se mexeu e Giovinco colocou no canto direito. Sergio Ramos também fez a parte dele, deixando tudo em 4 a 4.
Quando a pressão começou a ficar maior e um erro seria fatal, Pirlo foi frio para fazer 5 a 4. Mas Mata também foi, empatando o jogo. Montolivo seguiu o padrão e colocou no canto direito de Casillas. Busquets, no esquerdo de Buffon.
Até a 13ª batida, todos os cobradores haviam tido tranquilidade. Bonucci foi o responsável por fugir à regra. Bateu alto demais, para fora. Aí a responsabilidade ficou para Jesus Navas, que bateu no canto direito e fez 7 a 6.
FICHA TÉCNICA
ESPANHA 0 (7) x (6) 0 ITÁLIA
ESPANHA – Casillas; Arbeloa, Piqué, Sergio Ramos e Jordi Alba; Busquets, Xavi, Iniesta e David Silva (Navas); Pedro (Mata) e Fernando Torres (Martínez). Técnico: Vicente Del Bosque.
ITÁLIA – Buffon; Bonucci, Chielini e Barzagli (Montolivo); Maggio, Marchisio (Aquilani), Pirlo, Candreva, De Rossi e Giaccherini; Gilardino (Giovinco). Técnico: Cesare Prandelli.
ÁRBITRO – Howard Webb (Fifa/Inglaterra).
CARTÕES AMARELOS – Piqué (Espanha); De Rossi (Itália).
RENDA – Não disponível.
PÚBLICO – 56.083 pagantes.
LOCAL – Arena Castelão, em Fortaleza (CE).