Brincando de jogar bola. Mas pensado no futuro como jogador de futebol. Esse é o desejo de boa parte, se não a maioria, dos garotos que participam das escolinhas de futebol do Atlético, espalhadas pelo Estado em categorias que variam da sub-9, 11, 13 e 15. ?Quando crescer quero ser jogador profissional. E para chegar lá tem que treinar muito, e ouvir o que o professor falar?, diz Yan Rodrigues, que já aos 7 anos mostra atenção nas instruções dadas. ?Gostaria de ser atacante, pra receber mais a bola. Mas o professor me colocou como lateral-direito?, conta o garoto que estuda na Colégio Senhora de Fátima. A matéria que mais gosta na escola? Yan é direto: ?Educação Física, sou bom nos exercícios?, diz sorrindo.
Fábio Alexandre |
Gabriel, 10 anos, bom de bola. |
Seu irmão, Kauê, 9 anos, treina em horários diferentes. ?Sonho em ser atacante, pois marca mais gols que os outros?, diz Kauê que também estuda no Senhora de Fátima, mas gosta de história e quem sabe fazer a sua própria no futuro jogando pelo Atlético. ?Gostava de ver o Ferreira jogando, mas ele foi embora. Mas tenho um autógrafo do Vinícius?, diz orgulhoso com o presente dado pelo goleiro do Furacão, que passou pelas escolinhas do clube antes de se profissionalizar.
Gabriel Eduardo Ferreira, 10 anos, também mostra segurança naquilo que pretende para o futuro. ?Quero ser jogador. Acho maneiro, legal. Quem saber posso ser famoso como o Kaká e o Beckahm?, diz enquanto acompanhava na manhã de 5.ª-feira um dos jogos do torneio entre os alunos de uma academia do Atlético no bairro Xaxim, em Curitiba. Além de se mostrar articulado na fala, Eduardo também se mostrou à vontade em quadra. Nos poucos minutos que jogou ajudou a marcar o adversário na defesa, comandou o meio-de-campo e deu passes açucarados no ataque para os companheiros do time fazerem gols. ?Não sou ?banheira?, prefiro preparar as jogadas pros outros?, disse o meia que também queria ser atacante.
Fábio Alexandre |
Kauê, 9 anos, quer fazer história. |
Mas a opção de atuar no meio-campo veio do seu principal conselheiro, seu Luís Ferreira, pai atento que acompanhava os jogos entre os alunos da escolhinha. ?Todo mundo quer ser atacante, por achar que aparece mais. Falei pra ele que jogar com a bola, vindo detrás também tem as suas vantagens?, afirmou o ?pai-técnico-olheiro?. Sobre a futura escolha do filho, e a profissão jogador de futebol, Luís Ferreira é objetivo. ?Ele é criança ainda, gosta de esporte, de futebol. Se quiser ser jogador tem que se aperfeiçoar aos poucos, sem pressão?, diz atento aos deslocamentos do filho em quadra. Sobre dividir espaço e atenções com outros garotos, com Gabriel Arantes do Nascimento, 7 anos, e Octávio Falinto Neto, 9, netos o ex-jogador Pelé, Luís Ferreira sorri. ?São mais dois garotos, que também estão buscando o seu espaço?, completou.
Gabriel e Octávio moram próximo à escolinha. Os dois são filhos de Sandra e Ozéas Silva Falinto. Sandra, já falecida, recorreu à justiça para ter a sua paternidade reconhecida por Pelé. Por orientação do Atlético, os netos do Rei, assim como seu pai não puderam falar com a reportagem da Tribuna. Naquele momento estavam ?comprometidos? com outros veículos.
Trabalho e diversão
Fábio Alexandre |
Yan, 7 anos , lateral. |
Professor de Educação Física, formado pela PUC Paraná, Edson Luís Dantas Paes Rosa é o responsável em comandar a escolinha do Atlético no Xaxim. Há quatro anos trabalhando no clube, o ?professor? de futebol da garotada diz que o importante para eles é encarar esta fase como divertimento. ?Procuro fazer um trabalho mais lúdico com os garotos. Eles gostam de praticar esporte, do futebol. Então faço alguns trabalhos de coordenação motora, e tento deixá-los à vontade, mas seguindo algumas regras?, diz Luís Dantas que tem no momento 50 alunos em várias categorias de idade. A capacidade da escolinha do Atlético no Xaxim é até para 250 alunos. Os treinamentos são realizados duas vezes por semana, com 1h15min de duração, entre exercícios físicos, aquecimento e trabalhos com bola.
Na manhã de quinta-feira, foi realizado um torneio envolvendo os alunos da escolinha. Os primeiros colocados receberiam medalhas como forma de motivar ainda mais os jovens atletas.
Sobre os netos de Pelé, Edson Luiz explica que ?eles fazem parte do grupo, e tenta ao máximo evitar comparações?. ?Eles são crianças e pressão só atrapalha?, completa.
Ao todo o Atlético tem 18 escolinhas no Estado do Paraná – 9 em Curitiba, uma em Itararé, em São Paulo, e outra na China.
?Eles fazem o que gostam?
Fábio Alexandre |
Gabriel, 7 anos, e Octávio, netos de Pelé, treinam na escolinha. |
Para Adelino Rodrigues, pai de Yan e Kauê, 9 anos, que também treina na escolinha, a escolha dos filhos pelo esporte ?é natural e faz parte do crescimento das crianças?. ?Eles gostam e os deixo à vontade para jogarem bola. Sonhar é necessário, e eles estão fazendo o que gostam?, destacando que ainda é cedo para dizer ser eles serão atletas profissionais. Sobre a estrutura dada aos alunos na escolinha do Atlético, seu Adelino diz que ?ela atende às expectativas e são muito boas pelo que o Rubro-Negro apresenta como um todo?. ?Os professores revezam os alunos em várias posições para eles aprenderem e entenderem um pouco mais do esporte?, diz o pai.