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Escândalos de corrupção levam patrocinadores a investigar os cartolas brasileiros

O temor de ter a imagem comprometida diante da eclosão de escândalos de corrupção que assolam o esporte do País está levando multinacionais e empresas nacionais a contratar a maior companhia de investigação corporativa do mundo, a Kroll, para levantar a ficha de cartolas brasileiros e avaliar os riscos de se associarem a entidades esportivas no País.

Nos últimos meses, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Comitê Olímpico do Brasil (COB) mergulharam em profunda crise de credibilidade. No futebol, os últimos três presidentes da CBF foram indiciados nos Estados Unidos. O atual presidente, Marco Polo Del Nero, foi afastado pela Fifa temporariamente. José Maria Marin foi condenado em Nova York por corrupção e Ricardo Teixeira, que não pode deixar o Brasil, é alvo de investigações em cinco países diferentes.

No COB, Carlos Arthur Nuzman foi preso em 2017 sob a suspeita de comprar votos para que o Rio de Janeiro vencesse a corrida para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Foi banido pelo COI e renunciou ao seu cargo no Brasil.

Ao cenário conturbado do esporte nacional ainda se soma a realidade da Operação Lava Jato, que levou empresas a redobrarem os seus cuidados. O resultado, segundo a Kroll, tem sido uma preocupação cada vez maior das empresas em saber quais são os riscos à reputação caso se associem ou renovem contratos com esse setor.

“São patrocinadores que querem investir e têm receios”, explicou Ian Cook, diretor sênior no Brasil da consultoria norte-americana Kroll. “Eles querem saber quais são os riscos, como são as estruturas dessas entidades esportivas”.

Ian Cook diz que não pode revelar os nomes dos clientes nem das entidades investigadas. Mas admite que o futebol concentra parte importante de seu trabalho. “Mostramos quais são os grupos dentro de uma entidade, quais interesses defendem e suas ligações políticas”, revelou. Ele aponta que, em seu trabalho no âmbito esportivo, um dos aspectos que preocupa é a ligação política de uma entidade. “A empresa que quer patrocinar quer saber: ‘qual é meu risco?’ Identificamos quem são os diretores de uma agremiação ou de um clube, se ele (dirigente) já foi candidato”, explicou.

Ao longo dos últimos dois anos, a Fifa tem tido dificuldades para atrair patrocinadores, diante dos escândalos internacionais. A CBF garante que não registrou esse problema e que fechará as suas contas de 2017 com uma receita inédita advinda de patrocinadores.

INVERSÃO – A Kroll, que já vinha atuando neste segmento na Inglaterra e nos Estados Unidos, tem sido requisitada de uma forma “crescente” por patrocinadores no Brasil desde o ano passado para levantamento de informações sobre entidades e clubes que possam levar mais segurança aos investidores. Segundo Ian Cook, a realidade do trabalho no Brasil tem sido muito diferente do cenário no exterior. “São dois muitos diferentes”, contou.

Em outros países, a empresa tem sido chamada justamente pelos clubes de futebol para avaliar o impacto da entrada de investidores. Nos últimos anos, clubes europeus passaram a ser comprados por árabes, chineses e outros asiáticos.

O foco da Kroll no exterior é verificar potenciais investidores com o objetivo de identificar a origem dos fundos e avaliar se isso representa um risco para a reputação dos clubes. No Brasil, a situação é oposta. São os investidores que temem os clubes e associações.

A empresa, ainda sem citar nomes, também participou de investigações sobre a conivência de dirigentes de uma associação em casos de doping. Nos últimos meses, um dos consultores contratados pela Kroll para ampliar sua operação no ramo esportivo é Alex Horne, ex-presidente da Football Association (FA, na sigla em inglês) e um dos cartolas mais influentes do futebol.

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