Alegria e muito trabalho. Foi assim que o técnico Lothar Matthäus iniciou sua era à frente do time do Atlético. E os jogadores parecem ter gostado muito. Mesmo que tenham que acordar um pouco mais cedo hoje para um bate-bola leve no CT do Caju. Esta, aliás, é a primeira novidade implantada pelo alemão em seu primeiro dia de trabalho de campo, mas ele ainda não sentará no banco de reservas na partida contra o Cianorte, às 20h, na Kyocera Arena.
?A primeira impressão foi muito boa. Ele é uma pessoa divertida, que anima o grupo, dá risada, procura aprender o português rapidamente e vem colocando, aos pouquinhos, sua maneira de trabalho?, comentou o zagueiro Paulo André. Mesmo com a barreira da língua, Matthäus, com o auxílio do tradutor Klaus Junginger, passou orientações individualmente, com os jogadores mostrando muita admiração. ?Ele já está aprendendo algumas coisas como ?toca a bola? e ?sai o time?. Ele gosta de muito trabalho e tem um currículo invejável?, opinou o capitão Alan Bahia.
E toda essa alegria veio com o aval de Matthäus. ?O lazer faz parte do futebol?, justificou o ex-craque da seleção alemã. Ainda em forma, apesar dos 44 anos, ele mostrou toda a categoria ao fazer embaixadinhas para as lentes dos fotógrafos. Quando a bola rolou, no entanto, o novo comandante rubro-negro tratou de observar e tomar suas primeiras impressões sobre a equipe. ?Não quis intervir demais no treino porque no jogo a responsabilidade não está toda comigo, mas vou passar o que penso ao Vinícius para a partida de amanhã (hoje)?, adiantou.
Para este jogo, ele pouco acrescentou na hora da escalação. ?Por enquanto, nós estamos com alguns jogadores importantes lesionados?, disse Matthäus. A estréia, portanto, fica para a partida contra o Galo Maringá, que o Atlético quer que seja sábado, às 17h, mas ainda não foi confirmada pela FPF.
Até lá, o alemão estará mais adaptado ao Brasil, pelo menos na pele. ?Ainda estou com a tintura européia e não a brasileira, mas isso há de mudar nas próximas semanas?, finalizou o treinador, meio vermelho do sol forte do CT do Caju.
Furacão ofensivo contra o Cianorte
No último jogo sob o comando do auxiliar técnico Vinícius Eutrópio, o Atlético entra em campo contra o Cianorte com uma formação bastante ofensiva. Pelo menos no treinamento de ontem foi assim. O Rubro-Negro acabou armado num 4-4-2 que se transformava facilmente num 4-3-3. As novidades na equipe são as presenças de Moreno e William e a volta de Jancarlos.
?Nos dois jogos que nós fizemos na Arena nós implantamos algo nesse sentido (ofensivo). Agora, mudaram as peças e daqui a cinco dias nós vamos ter jogadores retornando e isso qualifica o trabalho, aumenta o número de opções que a gente não tinha nos jogos passados?, justifica Vinícius. Entre esses jogadores estão o atacante Dagoberto e os meias Evandro e Fabrício.
Por enquanto, o time vai com o que tem. Sem Rodriguinho e Rodrigão, ambos suspensos, e com Michel Bastos sentindo uma lesão, Moreno ganha a vaga na lateral-esquerda e William entra no ataque. A estrutura tática também muda. Enquanto Erandir volta a atuar na frente da zaga, Ferreira volta ao meio, mas com liberdade para encostar em Dênis Marques e William. No banco, a outra novidade é o reaparecimento do lateral-esquerdo Ivan.
CAMPEONATO PARANAENSE
Grupo A – 1.ª Fase – 7.ª Rodada
Local: Kyocera Arena
Horário: 20 horas
Árbitro: Nilo Neves de Souza Jr
Assistentes: José Amilton Pontarolo e Sidnei Nairne
Tempo: A previsão é de pancadas de chuva.
Temperatura: Os termomêtros devem variar entre 19 e 22ºC.
Atlético x Cianorte
Atlético
Tiago Cardoso; Jancarlos, Danilo, Paulo André e Moreno; Alan Bahia, Erandir, Adriano e Ferreira; William e Dênis Marques. Técnico: Vinícius Eutrópio
Cianorte
Danilo; Daniel Marques, William, Montoya e Ninja; Emanoel, Gilmar, Rafael (Robert) e Fernandinho; Bruno Batata e Sinval. Técnico: Gilson Kleina
Um intérprete rubro-negro
?Eu sou atleticano.? Quem avisa é Klaus Junginger, 31 anos, o tradutor profissional contratado pelo Atlético para fazer o meio-de-campo entre o técnico Lothar Matthäus e os jogadores, comissão técnica, diretoria e imprensa. Apesar do nome, ele é curitibano da gema, mas com experiência de sobra na Alemanha. Contratado para acompanhar o alemão esta semana, o estudante de jornalismo da Unibrasil negocia com o clube para permanecer mais tempo, mas já sofre com o desgaste dos trabalhos como se fosse um jogador.
Paraná-Online – Como você veio parar aqui?
Klaus – Eu sou um profissional do setor de traduções, eles estavam precisando de uma pessoa que pudesse fazer esse trabalho. Eu soube que o Lothar estava vindo ao Brasil e comecei a fazer meus contatos.
Paraná-Online – Você é brasileiro?
Klaus – Nascido em Curitiba. Morei na Alemanha de 1974 a 1986, mas sou brasileiro e 100% curitibano.
Paraná-Online – É necessário entender de futebol para fazer esse papel?
Klaus – O risco que se corre se o tradutor vier do meio futebolístico é que ele acentue qualquer comentário do treinador com uma impressão dele próprio. Isso é o que os diretores querem evitar. Como eu não venho do meio futebol, eu sou um pouquinho mais isento na hora de fazer a tradução.
Paraná-Online – É mais difícil fazer uma tradução no futebol?
Klaus – No futebol você tem que estar acompanhando, tem que ter uma leitura do jogo muito apurada e tem que estar entendendo o que está acontecendo na sua frente. Eu faço tradução simultânea, mas nunca fiz uma tradução dessas e estou achando um trabalho espetacular.
Paraná-Online – Existem muitas expressões específicas?
Klaus – Eu me precavi e montei um pequeno dicionário de futebol alemão-português na noite anterior à conferência de impresa, com 120 termos.
