Ter ao menos um dia de sem teto. Essa foi uma experiência vivida por 15 das 35 equipes paranaenses que entraram em campo para a disputa das três divisões estaduais em 2010. Fora o Coritiba, que chegou a ter o Couto Pereira interditado no Paranaense, por imposição do Ministério Público, diretores de todas outras equipes reclamaram da rigidez da Federação Paranaense de Futebol para a liberação de estádios.
No decorrer da Terceirona, torneio onde mais de 70% dos times já tiveram que mandar jogos fora de casa, o presidente do Matsubara , Sueo Matsubara, chegou a desabafar. “Vamos ver até onde vai dar”, protestou. O dirigente do clube já eliminado reclamava pelo fato de ter jogado em quatro cidades diferentes, menos em sua cidade sede -Cambará.
Outro caso foi o do Engenheiro Beltrão, que mandou quatro dos seis jogos pela Primeira Divisão em Paranavaí e Rolândia. Resultado: fracasso total de bilheterias, média de 152 pagantes por jogo e o menor público da Série A – 4 pagantes, no jogo contra o Toledo, no Erick George. Na época, o presidente do clube, Luiz Linhares, chegou a atacar: “Somos vítimas do ‘Super sem-mando.”
Mesmo o vice-presidente da FPF, Amilton Stival, reconheceu que a medida está enfraquecendo os clubes. “O Tigrão de Umuarama está mandando seus jogos em Cascavel. Como querem conseguir torcedores assim?”, questiona, sem se dar conta que o clube “trocou de casa” por causa da interdição de seu estádio.
Outro lado
De acordo com o diretor de vistorias da FPF, Reginaldo Cordeiro, a interdição de alguns estádios é fruto do abandono. “Nós também queremos mais públicos nos estádios. Não dá mais pra viver de amadorismo. Alguém tinha que pagar a conta. Mas começa por aí”, rebate.
Cordeiro argumenta que a rigidez da comissão chega a ser referência para entidades como CBF, CREA, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar. Ainda assim, o dirigente da federação não nega que alguns estádios aprovados apresentem problemas similares aos dos reprovados.
Quando nenhuma medida é tomada para denunciar problemas nos estádios, Cordeiro diz que não pode ser responsabilizado. “Representantes (da federação nos estádios) poderiam ajudar na fiscalização”, disse, sobre problemas de falta de água em vestiários visitantes ocorridos em Cianorte, Paranavaí e Foz do Iguaçu.
Sobre incidentes como o ocorrido em Apucarana, quando jogadores de Londrina e Roma entraram em briga generalizada com direito a cadeira de praia, ou até mesmo sobre denúncias de bebidas alcoólicas em partidas no interior, o diretor da FPF manteve o discurso. “Aí quem faz a segurança é a Polícia Militar”.