Após o habeas corpus que concedeu liberdade ao presidente da Match, Raymond Whelan, somente 13 horas após ter sido preso no hotel Copacabana Palace, a polícia reforçou nesta terça-feira: são muitas as provas que ligam o executivo da empresa sócia da Fifa ao milionário esquema de venda ilegal de ingressos da Copa do Mundo. A defesa do suspeito nega qualquer envolvimento dele com a quadrilha comandada pelo franco-argelino Lamine Fofana e informou que vai tentar anular a operação Jules Rimet.
Na tarde desta terça, mais um preso na operação foi solto graças a um habeas corpus: Marcelo Pavão da Costa Carvalho, detido há uma semana e que estava no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.
A polícia especificou algumas das provas que colheu contra Ray Whelan. Nos mais de 900 registros de ligações e mensagens telefônicas entre Fofana e o inglês, interceptadas na investigação, há, segundo os policiais, um trecho em que o franco-argelino pede 20 ingressos ao presidente da Match. “Se você quiser, tenho 24 aqui na mão”, teria respondido Whelan. “Mas é US$ 1 mil cada um”. Fofana concordou. “Mas precisa ser em dinheiro vivo”, teria dito o inglês, segundo policiais. “Você quer em reais ou dólares?”, perguntou Fofana.
“Está claro que ele negociava, sim, ingressos com o Fofana. Temos elementos suficientes que comprovam isso”, disse o responsável pela investigação, delegado Fábio Barucke, da 18.ª DP (Praça da Bandeira). “Ele (Whelan) sabia que os ingressos que fornecia ao Fofana eram repassados para terceiros. E dizia: ‘Então me informe o CPF deles que já imprimo os ingressos com o nome de cada um'”, contou o delegado.
INDICIAMENTO – O delegado Fábio Barucke informou que encerrará nesta quarta o inquérito e vai indiciar Whelan, Fofana e os demais 10 presos e pedir a prisão preventiva de todos. “Vamos mostrar todas as evidências ao juiz.” Barucke também informou que vai pedir a quebra de sigilo telefônico e bancário do presidente do Match. O promotor Marcos Kac vai analisar o inquérito e, nesta quinta, deve oferecer denúncia à Justiça.
Nesta terça, o chefe da Polícia Civil, delegado Fernando Veloso, esteve na delegacia para “dar apoio” aos policiais. “Ainda há um farto material colhido nas investigações a ser avaliado”, disse, referindo-se aos muitos registros de ligações e mensagens telefônicas interceptadas que ainda estão sendo transcritos e traduzidos. “Eles podem tanto reforçar as provas já formadas contra quem foi preso quanto mostrar elementos que podem levar a novas prisões”.