Uma antiga disputa interna pelo poder divide os árbitros do Paraná. Duas entidades distintas brigam para representar a categoria, que assim perde força na luta por melhores condições de trabalho.

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Mais antiga e tradicional (tem cerca de 25 anos), a Associação Profissional dos Árbitros de Futebol do Paraná (Apaf-PR) é oficialmente aceita pela Federação Paranaense de Futebol (FPF).

Ocorre que ela é presidida por Afonso Vítor de Oliveira, justamente o chefe da Comissão de Arbitragem da FPF, figura responsável por escalar os apitadores em todas as competições estaduais.

O Sindicato dos Árbitros do Paraná, fundado na atual década, argumenta que Afonso estaria éticamente impedido de acumular as funções. “Como ele pode atender interesses de patrão e empregado ao mesmo tempo?”, questiona Airton Nardelli, presidente do sindicato.

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Nardelli tenta transformar a entidade que comanda no órgão representativo da categoria na FPF. Ele já fez o pedido formal ao presidente Hélio Cury e disse que o vice Amilton Stival mostrou-se simpático à idéia.

“A Constituição Federal determina que o sindicato é a única entidade que pode representar qualquer categoria profissional. Só no Paraná isso não ocorre e por isso a taxa de arbitragem aqui é uma das mais baixas do País”, protesta Nardelli, que diz contar com cerca de 100 árbitros e assistentes sindicalizados.

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O próprio Afonso reconhece a limitação legal da Associação dos Árbitros. Mas contesta a representatividade do sindicato. “A associação é como se fosse um clube, não tem autonomia para fazer negociações trabalhistas. Mas nossa entidade é tradicional. Todos os 286 árbitros e assistentes estão vinculados à associação, enquanto o sindicato não reúne mais de 30”, disse Afonso, que apesar das críticas, faz questão de dizer que não mantém atrito com a entidade concorrente.

Conflito

O presidente da Apaf-PR não vê conflito ético em presidir a entidade de classe e a comissão de arbitragem. “Não sou patrão, pois quem paga os árbitros são os clubes”, disse Afonso.

Ele lembra que as taxas de arbitragem no último Estadual foram de R$ 800 para árbitros, com bônus de R$ 50 para os membros do quadro da CBF e de R$ 250 para os do quadro da Fifa. Assistentes ganham metade do valor.

“A taxa é proporcional ao que vale o campeonato. Em Santa Catarina é de R$ 400. Mas vamos brigar por aumento considerável já para o próximo Campeonato Paranaense”, diz Afonso. A proposta de reajuste será levada aos clubes no arbitral do Estadual-2009, marcado para 11 de novembro. Até lá, o sindicato espera ser reconhecido pela FPF.