Engenheiros norte-americanos que coordenam a construção do Parque Olímpico de Londres, grandioso palco da maioria das disputas dos Jogos de 2012, fazem um alerta para o Rio, sede da Olimpíada de 2016: as obras precisam começar pelo menos cinco anos antes. “A estrutura carioca será ainda mais complexa que a britânica”, observou Lee McIntire, presidente da CH2M Hill, empresa que cuida do projeto na capital inglesa. “Então é preciso ter muita atenção para cumprir prazos e manter a construção dentro do orçamento.”
O temor é de que o Rio repita os erros dos Jogos Pan-Americanos de 2007, quando gastou quase cinco vezes o esperado. “Deve-se evitar deixar tudo para a última hora porque, quanto menos tempo houver, mais dinheiro vai se gastar”, continuou McIntire.
A estrutura de Londres está prevista para ser totalmente entregue pelo menos um ano antes dos Jogos. A intenção é fazer uma série de eventos-teste nos estádios que serão palco das disputas. A Arena O2, o Estádio de Wembley e as quadras de grama do All England Tennis Club, onde é disputado o Grand Slam de Wimbledon, todos fora do complexo olímpico, já estão prontos para o evento e são utilizados com frequência.
O Parque Olímpico londrino também servirá de exemplo para o Brasil em outro sentido importante: além de ser entregue com antecedência e estabelecer um patamar tecnológico avançado, vai deixar um legado para a zona leste da capital inglesa. Sua construção está levando à revitalização e descontaminação da terra e de mananciais de Stratford, talvez o bairro mais degradado da cidade.
A região ainda ganhará três estações de metrô, uma universidade, um grande condomínio com 3,6 mil apartamentos (a vila olímpica) e uma das maiores áreas verdes urbanas da Europa (2 milhões de metros quadrados). “É uma obra de proporções incríveis e de uma importância muito grande, especialmente para as pessoas dessa área pobre de Londres”, explicou Jacqueline Rast, executiva de grandes projetos da CH2M Hill.
O orçamento total dos Jogos de Londres bate na casa dos R$ 38 bilhões. Só com as obras, os gastos chegam a cerca de 100 milhões de libras (R$ 285 milhões) por mês de construção. “É muito dinheiro para se pensar apenas em estádios que serão usados por 15 dias. O Rio tem a obrigação de deixar um legado”, disse a executiva.