Engenheiro Beltrão e Império do Futebol são os novos integrantes da elite do Campeonato Paranaense. A determinação é da Justiça de Engenheiro Beltrão, que julgou procedente a ação proposta por um torcedor e anulou o rebaixamento dos dois times na Série Ouro do Estadual deste ano.
Francisco de Assis Alves, que se intitula seguidor do Engenheiro Beltrão, entrou com ação na Justiça comum da cidade de mesmo nome. A alegação era de que a Federação Paranaense de Futebol descumpriu o Estatuto do Torcedor, que em seu artigo 9.º proíbe alterações no regulamento da competição depois de sua divulgação definitiva, salvo após dois anos de vigência.
Segundo despacho do juiz Sílvio Hideki Yamaguchi, o regulamento da Série Ouro de 2004 definia o quadrangular final como forma de rebaixamento o famigerado torneio da morte. A edição de 2005, por sua vez, teve como critério a queda do último colocado de cada um dos dois grupos da primeira fase. Com base no Estatuto, o jurista entende que é direito do torcedor conhecer previamente o regulamento e que este não seja alterado pelo prazo mínimo de dois anos.
De acordo com o juiz, o torcedor do Engenheiro sentiu-se lesado em seu direito, pois esperava que seu time disputasse o ?torneio da morte? caso ficasse entre os quatro últimos colocados. No final do campeonato, o fã teria ficado surpreso com a alteração sofrida durante a competição e com o rebaixamento imediato do time. Como isso, o juiz declarou nulo o campeonato de 2005.
Como não há tempo para realização do quadrangular, Yamaguchi determinou que o Engenheiro, e, por conseqüência, o Império do Futebol permaneçam na disputa da Série Ouro em 2006.
A decisão pode abrir nova discussão jurídica, já que a Fifa impede os clubes de ingressarem na Justiça Comum, mesmo que em nome de um torcedor.
Paralelamente, uma ação semelhante – esta proposta pelo próprio Engenheiro Beltrão – tramita no Tribunal de Justiça Desportiva paranaense.
Árbitros do Paraná passarão por avaliação psicológica
Depois de todas as denúncias de corrupção na Série Prata, a Federação Paranaense de Futebol decidiu avaliar a cabeça dos árbitros. Ontem, entre as várias medidas adotadas com intenção de ?peneirar? os homens do apito, a Comissão Provisória de Arbitragem anunciou que fará testes psicológicos em todos os membros do quadro estadual.
Paulo César Silva, líder da comissão, vende a idéia como inédita no Brasil. Todos os 290 árbitros da FPF têm até o dia 4 de novembro para agendar os testes, que serão feitos em Curitiba e Londrina. ?Os últimos acontecimentos nos deram certeza da importância dos árbitros, que podem prejudicar muita gente?, justificou Paulo César, conhecido na FPF como ?Paulão?. Assim, os psicólogos farão entrevistas para traçar um histórico do árbitro e um perfil de sua índole. Somente os aprovados neste exame poderão fazer os testes físicos e práticos, necessários para a renovação anual da inscrição dos apitadores.
O chefe da comissão usa o exemplo do árbitro Edílson Pereira de Carvalho, preso pela Polícia Federal por manipular resultados no Campeonato Brasileiro. ?Ninguém discute que era um bom árbitro, mas tinha o vício do jogo. Todos devem estar acima de qualquer suspeita. Não queremos ser pegos de surpresa?, afirmou.
Os árbitros também terão que comprovar emprego fixo ou que não dependem da arbitragem para sobreviver. O apitador que estiver desempregado até poderá fazer os testes, mas quem não apresentar comprovante de renda fica de fora das escalas. ?O desempregado vira um alvo fácil para os corruptores, mesmo que não seja mau caráter?, explica.
A comissão também decidiu ?aposentar? os árbitros que ultrapassarem a idade limite de 45 anos, proposta pela Fifa. No Estadual-2005, José Francisco de Oliveira, o Cidão, apitou jogos após passar esta barreira.
Já esperando reprovações no ?psicotécnico?, a FPF estaria disposta a equacionar seus campeonatos para que não haja falta de árbitros. ?Como o quadro será enxugado, vamos reduzir ao máximo o número de competições simultâneas?, falou o diretor, que deve permanecer interinamente no cargo até o final do ano.