Ex-capitão da Roma e maior ídolo da história do clube, que ele defendeu por 25 temporadas como jogador, Francesco Totti confirmou nesta segunda-feira que deixou o cargo de diretor técnico do time. Ele assumiu o posto há dois anos, logo depois de se aposentar dos gramados, e disse que resolveu sair por estar há tempos se sentindo encostado como dirigente.
O ex-atleta de 42 anos afirmou que foi colocado de fora de decisões como, por exemplo, a contratação e a demissão de treinadores, assim como alegou não ser consultado para aquisição ou para a dispensa de jogadores durante as janelas de transferências do mercado europeu.
“Eu nunca tive a chance de me expressar. Eles (dirigentes) nunca me envolveram”, disse Totti, em entrevista na sede do Comitê Olímpico Italiano, na qual depois ele ressaltou: “No primeiro ano (como diretor técnico) isso pode acontecer, mas no segundo eu entendi o que eles queriam fazer… Eles sabiam do meu desejo de oferecer muito para este elenco (da Roma), mas eles nunca quiseram isso. Eles me mantiveram fora de tudo”.
A decisão tomada por Totti deixará o proprietário norte-americano do clube romano, James Pallotta, ainda mais pressionado no cargo por torcedores que são contrários a ele na função. E Totti não escondeu a sua frustração por estar saindo desta forma.
“Este é um dia que eu esperava que nunca tivesse vindo”, destacou o ex-atacante, que liderou a Roma dentro de campo rumo ao seu último título italiano, conquistado em 2001. E o ex-jogador da seleção do seu país, campeão do mundo na Copa de 2006, lembrou que nomes como Pallotta e membros da atual direção romana são menos importantes do que a própria instituição. “Presidentes vêm e vão, técnicos vêm e vão, jogadores vêm e vão, mas não emblemas”, enfatizou.
Totti também afirmou nesta segunda-feira que romanos estão sendo expulsos da Roma desde quando Pallotta e alguns executivos parceiros de Boston compraram o clube em 2011, se tornando então os primeiros proprietários estrangeiros de um time da elite italiana.
“Por oito anos aqui, desde que os americanos vieram, eles fizeram tudo o que poderiam fazer para nos varrer para o lado”, acusou o ídolo, que ainda reclamou do fato de Pallotta comandar a Roma à distância, determinando os seus rumos estando em Boston, sendo que chegou a ficar um ano sem visitar o clube. “Quando o chefe não está por perto, todo mundo faz o que quiser. Esse é o caso em qualquer lugar”, opinou.
Na semana passada, em uma longa entrevista publicada no site oficial da Roma, o proprietário norte-americano do clube afirmou que foi ele próprio que ofereceu o cargo de diretor técnico a Totti. E disse “acreditar que Francesco sempre teve grande influência nas tomadas de decisões”.
“Este é um papel muito importante para o clube, facilmente um dos mais importantes e influentes papéis em nossas operações no futebol. E o fato de que nós o querermos para assumir este papel diz tudo sobre o que pensamos de Francesco”, afirmou Pallotta ao site do clube.
Apesar das palavras do proprietário dos Estados Unidos, Paulo Fonseca, ex-Shakhtar Donetsk, foi contratado como técnico da Roma, em anúncio ocorrido na semana passada, enquanto Totti teria a preferência por Gennaro Gattuso ou Sinisa Mihajlovic para o cargo, segundo relatos da mídia italiana. Nesta segunda-feira, porém, ele negou ter indicado a aquisição destes dois treinadores. “O único treinador que eu pedi foi Antonio Conte”, garantiu o ex-jogador, se referindo ao novo comandante da Inter de Milão.
E ao ser questionado sobre o que o faria voltar a fazer parte da Roma no futuro, Totti ressaltou: “Primeiro de tudo, um proprietário diferente (estar à frente do clube)”. Para completar, o ídolo ainda confirmou as longas especulações que davam conta de que a direção romana o forçou a se aposentar antes do que ele gostaria, assim como confirmou que tinha um contrato de seis anos como diretor técnico. “Muitas promessas foram feitas, mas no fim elas não foram mantidas”, lamentou.