Walter Alves/O Estado |
O destino de Sandro pode ser o futebol turco na próxima temporada. |
Carga de treinos reduzida e especulações de todos os tipos e lugares. A última semana de treinamentos do Paraná Clube foi bastante atribulada, em especial nos bastidores, para dirigentes e empresários. Algo que na visão do presidente José Carlos de Miranda em nada afetará o desempenho do time no jogo decisivo frente ao São Paulo. ?Esse grupo primou pelo profissionalismo ao longo de toda a temporada. E só por isso chegamos até aqui com essa campanha?, disparou o presidente.
Há tempos o Tricolor não convivia com tantas sondagens em torno de seus jogadores. O preço do sucesso de um time que iniciou o Brasileiro desacreditado perante a mídia nacional, teve um estágio como ?cavalo paraguaio?, virou ?zebra? e chega à derradeira rodada dependendo apenas de si para carimbar o passaporte para a Libertadores da América. Um assédio constante e previsível. ?Só acho que houve uma grande injustiça com a não-inclusão de nenhum de nossos atletas entre os destaques
do Brasileiro. Senão, por que estão nos procurando com tanta insistência??, indagou Miranda.
A diretoria firmou um pacto de só comentar propostas e possibilidades de transferências a partir de segunda-feira. Mas, a todo momento ?vende-se? ou ?empresta-se? este ou aquele jogador para os mais diversos clubes do Brasil e do exterior. Apesar das negativas, nenhum dos dirigentes nega que será muito difícil segurar jogadores como Leonardo, Sandro e Maicosuel. Isso só para contar os jogadores que têm vínculos mais longos com o Paraná.
Ao que tudo indica, o Flamengo será mesmo o destino de Maicosuel e Leonardo, enquanto Sandro terá que se adaptar a uma nova cultura, uma nova realidade.
O jogador está sendo vendido para o futebol turco (o clube é o Gençlerbirligi, quarta potência daquele país).
?O assunto é o jogo de domingo?, garante o vice de futebol José Domingos. ?Estamos todos focados nessa decisão. O futuro só será discutido após essa partida?.
A diretoria não revela o valor, mas o clube precisa de alguns milhares de reais para não fechar o ano no vermelho, podendo planejar com maior tranqüilidade a temporada 2007. Ainda mais diante da não confirmação das futuras cotas de tevê. ?O lado positivo é que desta vez a maioria dos nossos jogadores têm contrato. A partir disso, poderemos repor sem traumas as peças que eventualmente venhamos a perder?, confirmou Domingos. O clube, a partir de segunda-feira também terá que negociar as renovações com Gustavo, Cristiano, Peter e Batista, cujos contratos (ou empréstimos) se encerram até o fim do mês.
Volante pé-quente
Discreto, eficiente e pé-quente. O volante Pierre é ?a cara? do Paraná Clube nas últimas edições do Campeonato Brasileiro. Com ele em campo, o Tricolor vive uma ascensão natural, batendo recordes e escrevendo um novo capítulo da sua história. Uma vitória no jogo de amanhã – às 16h, na Vila Capanema -, frente ao já campeão São Paulo, é a chave de acesso para a Copa Libertadores da América.
Classificação que pode ocorrer mesmo em caso de revés. Para isso, basta que o Vasco não derrote o Figueirense, em Florianópolis. ?O melhor, mesmo, é fazer a nossa parte. Mesmo sabendo que a missão é complicada?, alertou Pierre. Uma das primeiras apostas do diretor de futebol Durval Lara Ribeiro, em 2003, o volante -então com 21 anos – precisou de pouco tempo para conquistar seu espaço, em meio a um time experiente.
Num time essencialmente ofensivo – que tinha como ponto forte o quadrado mágico formado por Marquinhos, Fernandinho, Caio e Renaldo – Pierre e Fernando Miguel davam solidez à zaga. No final, o Paraná confirmou o 10.º lugar, igualando a marca de 1993 (a melhor do clube, até então). ?Era um grupo experiente e de muita habilidade. Acho até que se não tivéssemos sofrido com tantas trocas de comando técnico iríamos mais longe?, analisou Pierre.
O volante, a partir daí, virou um ?sonho de consumo? para a diretoria. Com direitos federativos presos ao Ituano, Pierre precisou voltar ao interior paulista. Somente na reta final do Brasileiro de 2005 o jogador ?desembarcou? na Vila Capanema.
Veio por empréstimo e mesmo se deparando com um grupo constituído, ganhou a posição.
Naquele ano, o Tricolor revezou seguidamente a dupla de volantes, tendo, além de Pierre, outros três jogadores com igual capacidade: Beto, Rafael Muçamba e Mário César.
?Era um grupo muito semelhante ao atual.
Sem estrelismos, mas com muita ambição?, recordou Pierre. Porém, a seqüência do volante no clube foi novamente interrompida. Por exigência do empresário Oliveira Júnior, retornou a Itu, para a disputa do campeonato paulista.
A contratação definitiva de Pierre só ocorreu em junho deste ano, durante o período de recesso devido à Copa do Mundo.
O jogador libertou-se do Ituano através de medida judicial e assinou contrato de três anos com o Paraná.
Pierre, agora, aos 24 anos, quer confirmar o bom momento com a classificação à Libertadores. ?Esse é o nosso assunto. Não só nas entrevistas, mas no dia-a-dia, no vestiário?, comentou o jogador. ?Não podemos vacilar, pois não há chance de recuperação. Esse jogo frente ao São Paulo é uma finalíssima não só de campeonato, como de temporada?.
Pierre, ao longo das últimas temporadas, evoluiu significativamente. Melhorou seu passe, reduziu o número de faltas e, conseqüentemente, de suspensões. ?No ano passado, a campanha foi boa, mas o gosto final foi amargo. Dessa vez, a história será diferente?, assegurou o volante paranista.