Quem esperava uma enxurrada de denúncias envolvendo irregularidades da administração passada de Mário Celso Petraglia se decepcionou. Mas não totalmente. Na entrevista coletiva dada pela atual diretoria rubro-negra, o presidente do Conselho Administrativo Marcos Malucelli apenas confirmou tudo o que havia falado anteriormente sobre a venda do jogador Alex Sandro, que foi intermediada por Petraglia junto ao fundo de investimentos internacional; participação dos ex-parceiros CAPA e PSTC na divisão dos direitos econômicos de jogadores da base e as procurações de atletas rubro-negros levadas pelos ex-funcionários do clube, que atualmente são agentes de jogadores – prática que o dirigente considera, no mínimo, antiética.
A “bomba” ficou por conta da explanação sobre os contratos relacionados à Timemania (projeto da Caixa Econômica Federal) e também sobre como o Atlético está amarrado a uma empresa na compra de cadeiras para o estádio. Tudo devidamente explicado por Malucelli. A boa notícia para a torcida é que as finanças do Atlético estão em ordem e que o clube terá cacife para investir em novas contratações para o Brasileirão. A seguir pontos polêmicos da entrevista.
Timemania
“Cedemos espaços na Arena para a empresa Kangoo, que nos pagava R$ 750 mil por ano, em 12 parcelas de R$ 62,5 mil. Para isso, a empresa instalou as placas da Timemania. Como o contrato iria vencer em setembro (2009) fomos ver antecipadamente para tentar renovação. Como o Ênio (vice-presidente) é um empresário que tem vários negócios envolvendo a CEF, ele foi à instituição para saber se ela tinha intenção de renovar e pedir que pagassem um valor superior. A Caixa afirmou que já pagava 120 mil e que para renovar pagaria menos. Somente aí ficamos sabendo que os R$ 62,5 mil eram do contrato que o Atlético fez com a Kangoo e que essa empresa fez outro contrato com a Caixa. Desse valor total (120 mil) pago pela CEF; 20% ficam com a agência de publicidade, o que é lícito, e dos R$ 96 mil restantes, chegavam ao Atlético apenas 62,5 mil. Essa diferença (R$ 33 mil) era o ganho mensal da Kangoo, que poderia ser do Atlético”, explicou Malucelli. O que chama atenção é que o contrato foi fechado pela antiga diretoria, comandada por Petraglia, e um dos sócios proprietários da Kangoo é Mário Celso Keinert, filho do ex-mandachuva rubro-negro.
O presidente ainda explicou que do valor repassado ao Atlético todo mês, o clube ainda pagava uma comissão de 12% ao diretor de marketing da época, Mauro Holzman. “Hoje não temos mais intermediários, apenas a retenção da agência de publicidade. Dos R$ 55 mil anteriores, recebemos R$ 80 mil”, explicou o dirigente afirmando que o acordo anterior beneficiava terceiros ao invés do clube.
Malucelli também falou que há possibilidade de ter outros contratos no mesmo esquema. Mas só serão descobertos a medida que forem vencendo.
Cadeiras
“Não há contrato de exclusividade na compra das cadeiras para a Arena, mas de certa forma o clube está amarrado à empresa Kangoo (leia-se Mário Celso Keinert). “O preço da cadeira é bom, mas o problema é que o tipo de cadeiras que temos na Arena é de exclusividade da empresa dele. A forma (molde) é patenteada pela Kangoo e outra empresa não fabrica. Se tivéssemos que comprar de outra empresa com preço melhor não poderíamos porque as cadeiras seriam de outro modelo, diferente das outras 20 mil que estão na Arena. Então, não tem contrato de exclusividade, mas nos vemos obrigados a comprar dessa empresa, ou teremos que trocar todas as cadeiras do estádio”.
Parcerias
Malucelli afirmou que o Atlético desfez as parcerias que detinha, as quais considera prejudiciais ao clube. Como exemplo voltou a citar o caso CAPA, que detém hoje porcentagem de 30% em 37 atletas que treinam no CT do Caju. Destes 37 atletas, em 14 deles, o PSTC também é parceiro. E nessa parcela de jogadores, o Atlético detém apenas 60% dos direitos econômicos.
Conforme o presidente, é importante para o clube fazer parc,erias para a formação de bons times, mas atualmente o Atlético só aceita negociar se possuir 70% dos direitos econômicos dos atletas.
Master Talents empresa dos ex-funcionários do Atlético e que hoje são procuradores de vários atletas do clube
“O que posso dizer é que as procurações foram outorgadas por nossos jogadores ao Alexandre, quando ele era funcionário do Atlético, do departamento de Relações Internacionais. Eu entendo que quando ele saiu do Atlético deveria ter deixado essas procurações e subestabelecido a outro procurador indicado pelo clube. E não levá-las porque eram do Atlético. Para trabalhar no Atlético, o Alexandre ganhava e para fazer uso das procurações que foram outorgadas ao funcionário do clube e não ao Alexandre. Hoje ele conversa com o Atlético como um agente de jogadores”.
Allan Costa Pinto |
---|
Marcos Malucelli também contou que o clube está atrelado à empresa Kangoo. |