Empate elimina Brasil da Copa das Confederações

Uma derrota, uma vitória e um empate. Com essa campanha, a seleção brasileira se despediu ontem, da Copa das Confederações, na França.

O time de Carlos Alberto Parreira não soube segurar a vitória parcial da primeira etapa no jogo contra a Turquia e foi eliminado da competição. O placar de 2 a 2 fechou a participação verde-amarela no torneio, que ainda prossegue com Camarões, França, Colômbia e Turquia. Contrariando as escalações dos dois últimos jogos, Parreira fez três alterações na equipe (Maurinho, Gilberto e Ilan entraram), tentando imprimir ritmo e buscando mais velocidade no ataque. Essa estratégia funcionou no primeiro tempo, com a seleção brasileira comandando a partida. Mas no segundo tempo, a história foi diferente. Os turcos voltaram melhor e definiram a partida em dois lances.

Como era de esperar, o Brasil começou a partida veloz e com a pressão brasileira, a Turquia não conseguiu segurar o empate. Aos 23 minutos, Adriano foi lançado, e com um toque, cobriu Rustus, marcando o primeiro gol do jogo. No segundo tempo, tudo mudou. Os turcos, que estavam perdidos em campo, foram para cima dos brasileiros, buscando o gol de empate.

Dida já teve trabalho aos dois minutos, defendendo um arremate de Ibrahim. O empate estava próximo e Dida não pôde fazer nada. Em uma falha de marcação, Gokdeniz sobrou sozinho, e balançou a rede, aos 7 minutos. Precisando da vitória, Parreira fez novas alterações, na tentativa de reencontrar o ritmo perdido no intervalo de partida. Mas, apesar de chegar na área turca, os brasileiros não definiam com precisão. Foi então que Okan piorou a situação brasileira no jogo. Ele recebeu de Gokdeniz e marcou o segundo para a Turquia. O Brasil ainda descontou com Alex aos 48, mas o tempo para tentar virar o placar e garantir a vaga já havia se esgotado e os brasileiros já estão voltando para casa.

Copa das Confederações

Brasil

2×2

Turquia

Brasil:

Dida; Gilberto (Kléber), Juan, Lúcio e Maurinho; Ricardinho (Alex), Émerson, Kléberson e Ronaldinho Gaúcho; Ilan (Gil) e Adriano. Técnico: Carlos Alberto Parreira

Turquia

– Rustu; Korkmaz, Akyel, Ozalan e Ibrahim; Ergun (Toraman), Selkun, Volkan (Yilmaz e depois, Balci) e Gokdeniz; Basturk e Tuncay. Técnico – Senol Gunes.

Súmula

Local:

Saint-Etienne (França)

Árbitro:

Markus Merk (Ale)

Assistentes

: Gennady Krasyuk (Rus) e Nelson Cano (Par)

Cartões vermelhos:

Ronaldinho Gaúcho (Bra)

Cartões amarelos:

Alex (Bra); Rustu, Bulent

Gols:

Adriano (23? do 1º), Gokdeniz (aos 7? do 2º), Okan (aos 35? do 2º) e Alex (aos 48? do 2º).

Copa mostrou que Parreira terá muito trabalho

Carlos Alberto Parreira fez convocação pobre, teve de abrir mão de vários campeões do mundo, achou que poderia acelerar renovação no grupo formado por Felipão, apelou para tática previsível e foi teimoso. Por isso, volta da França com mais um fiasco da seleção brasileira.

O empate de 2 a 2 com a Turquia, ontem, em Saint-Etienne não só significou a eliminação na Copa das Confederações como foi retrato fiel de como não se deve tratar o futebol pentacampeão. O técnico de 2003 caiu no mesmo canto da sereia de Emerson Leão, o treinador que levou “equipe experimental” para a Copa das Confederações de 2001 e retornou da Ásia desempregado. Parreira só não deve perder o cargo porque tem prestígio e é amigo de Ricardo Teixeira, mas percebeu que, pelo menos por enquanto, não se faz seleção sem Cafu, Roberto Carlos, Gilberto Silva, Ronaldo, Rivaldo. Também deve ter aprendido que não se vence um torneio mesmo fraco, como esse da França, com derrota para Camarões (1 a 0) ou vitória magra sobre Estados Unidos (1 a 0). Muito menos ao deixar no banco Alex, o principal jogador que levou à Europa.

O treinador ensaiou mudanças, no terceiro confronto com os turcos em menos de um ano. Os laterais Belletti e Kléber deram lugar para Maurinho e Gilberto, respectivamente. Alex saiu para a entrada de Ilan, com a função de jogar ao lado de Adriano no ataque. As alterações até tornaram o time mais ágil, pelo menos no primeiro tempo da partida que encerrava a fase de classificação.

Como precisava vencer, o Brasil foi à frente e empurrou os turcos para a defesa. Adriano aos 3 minutos arriscou chute a gol, Ilan aos 6 acertou bola na trave e Adriano só não marcou aos 16 porque Korkmaz salvou em cima da linha. O prêmio por jogar bola veio aos 22, de novo com Adriano. O centroavante do Parma ajeitou no peito lançamento longo da defesa e tocou, de biquinho, por cima do goleiro Rustu, para o gol que levaria o Brasil à semifinal.

O atrevimento do primeiro tempo desapareceu na fase final. Em lugar do ataque, voltou o toque de bola desinteressante. A Turquia, ao contrário, foi à frente, empatou aos 7 com Gokdeniz e destruiu o pouco de confiança que existia na seleção. Parreira ainda demorou mais dez minutos para colocar Alex em campo, no lugar de Ricardinho. O meia do Cruzeiro deu toque de classe à equipe, armou jogadas, arriscou chutes e fez o gol de empate, aos 48 minutos, quando a desclassificação afinal era inevitável.

Antes disso, houve festival de erros. Quando o jogo estava no 1 a 1, o meio-campo sumiu, a defesa se tornou mais vulnerável e marcando em linha. A Turquia percebeu o descontrole foi para cima e chegou ao segundo gol, com Yilmaz aos 35. Além disso, teve chance para fazer pelo menos mais dois. Castigo merecido.

Copa das Confederações e dos “bons negócios”

A seleção brasileira versão 2003 está cada vez mais parecida com o time de Sebastião Lazzaroni, que fracassou na Copa da Itália de 1990. O escrete comandado por Carlos Alberto Parreira não mostrou um grande futebol contra os adversários da Copa das Confederações. Em compensação, os negócios e discussões sobre compra e venda de jogadores foram intensas. E em plena concentração.

Lúcio, do Bayer Leverkusen, por exemplo, é um que pode escolher onde jogará na próxima temporada. Há muitas ofertas para ele, do poderoso Real Madrid ao milionário Fenerbahce, da Turquia, que estaria disposto a colocar um caminhão de dinheiro para tê-lo na zaga. Kleberson, outra estrela da campanha do penta, também pode acabar no futebol europeu, assim que a Copa das Confederações terminar. Tem também a legião dos convocados do Brasil, jogadores como Kleber, Gil, Ilan, Alex, que sonham com uma transferência milionária para a Europa. E há Ronaldinho Gaúcho, de longe o mais desejado jogador do planeta na atualidade, depois que o inglês David Beckham deixou o Manchester United da Inglaterra seduzido pelos milhões do Real Madrid e pela possibilidade de jogar ao lado de Ronaldo, Roberto Carlos, Zidane e outras estrelas da versão futebolística dos Harlem Globetrotters.

Neste momento o mesmo Real Madrid, seu arqui-rival Barcelona e o não menos poderoso Manchester United estão lutando desesperadamente para obter o jogador. Ontem, quando o Brasil empatou com a Turquia, o presidente do Paris Saint-Germain e seu colega do Real Madrid, Florentino Perez, marcaram um encontro na França para “conversar sobre assuntos de interesse geral”. O encontro aconteceria em Lyon, na terça-feira, mas foi adiado ainda para esta semana, em Paris, em poucos dias por causa das comemorações do título do Real Madrid.

Como o irmão e empresário, Roberto Assis, também está ativo em conseguir um bom contrato para Ronaldinho, não é difícil imaginar qual é o “interesse geral”. A proposta de Perez deve envolver uma montanha de dinheiro e teria uma outra vantagem para os franceses: o clube espanhol pagaria bem pela contratação, mas deixaria o brasileiro ir embora daqui a um ano: nada mau para o PSG, que conservaria sua vedete por mais uma temporada e ainda embolsaria alguns milhões de euros.

Com os 35 milhões de dólares da venda de David Beckham na mão, o Manchester United também é um candidato forte na luta pelo atacante brasileiro. E já que as negociações entre o PSG e Peter Kenyon, o homem do dinheiro na equipe inglesa, não evoluíram, o Manchester United tentou uma manobra arriscada e, em tese proibida. Despachou para Paris nada menos do que o seu diretor-técnico, sir Alex Fergusson. Sua missão: seduzir Ronaldinho Gaúcho a todo custo a ir para a sua equipe.

E com dinheiro e prestígio tudo se consegue, Fergusson conseguiu se encontrar com o atacante brasileiro em pleno hotel Les Etangs de Corot, em Avray, a invulnerável concentração em que se hospedou a seleção. Para tentar resolver a parada e driblar a resistência do PSG, mais seduzido pela oferta do time de Madrid. “Os dois se reuniram na sexta-feira”, disse à Placar Jérome Touboul, do L? Equipe. Ele revelou o encontro na edição de domingo do jornal.

O manager do Manchester United driblou toda a segurança (certamente com a anuência dos cartolas da CBF), sentou-se com Ronaldinho e lhe propôs um salário de 4 milhões de euros por ano (cerca de 13,5 milhões de reais). O brasileiro pediu 1 milhão de euros a mais e as conversas continuam. Segundo Assis não houve nada de anormal.

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