Como não poderia ser diferente, a missa da despedia do técnico Caio Júnior foi uma mistura de tristeza com homenagem. A Igreja dos Passarinhos ficou completamente cheia, com pessoas vestindo camisas do Coritiba, da Chapecoense e principalmente do Paraná Clube. Amigos do futebol, como o ex-jogador Alex, o atacante Jô, atualmente no Corinthians e que trabalhou com Caio nos Emirados Árabes, o diretor do Londrina, Ocimar Bolicenho, o ex-jogador Tcheco, o também ex-jogador e agora comentarista Serginho Prestes, o preparador de goleiros Renato Secco e os técnicos Cuca, Paulo Autuori e Ricardinho estiveram presentes.
“O Caio foi fundamental quando me levou para os Emirados Árabes. Tive o prazer de trabalhar sete meses com ele, uma pessoa maravilhosa, sempre me orientou e não podia deixar de vir e de agradecer. Ele realmente foi um professor pra mim, fora de campo ele sempre conversava comigo, foi muito importante na minha vida pessoal. A gente fica triste, emocionado, porque era uma pessoa boa e que todo mundo gostava”, disse Jô.
“Ele foi meu adversário, participou de uma comissão técnica comigo do Cruzeiro, depois sempre estivemos juntos em vários encontros em Curitiba, trocamos várias ideias de futebol, várias histórias, que infelizmente foram cortadas dessa forma. Infelizmente, ou felizmente, passei as últimas horas com ele antes do voo e a imagem que fica é de um cara simples, sorriso franco e que trilhava algo espetacular como treinador”, acrescentou Alex, um dos últimos a ter contato com o técnico, domingo (27) a noite, em um programa na ESPN Brasil.
“As palavras em momentos como esse não conseguem expressar a dor. O Caio vai estar sempre presente, ele representa a sensibilidade do futebol”, declarou Paulo Autuori, técnico do Atlético, muito emocionado e sem conter o choro.
“Guardo memórias dele desde os tempos do Grêmio. O Caio era um grande jogador, como treinador fez um grande trabalho no Paraná Clube, chegando à Libertadores, além de outros trabalhos e tava vivendo o grande momento da vida como profissional. Não é fácil fazer o que ele fez com a Chapecoense e era nítida a mão dele ali. A sequência dele era maravilhosa, a gente sabia que ele tinha propostas de outros clubes e ter sido tirado assim da maneira que foi, deixa a gente revoltado. A gente sabe que poderia ser evitado se tivesse uma responsabilidade maior”, lamentou Cuca, que enfrentou Caio Júnior há uma semana, na vitória do Palmeiras sobre a Chapecoense.
A emoção dos torcedores era nítida. Bastava ir entrando na igreja para que semblante fosse se alterando. Assim que o corpo de Caio chegou à igreja, muitos paranistas prestaram uma homenagem, com gritos de “Caio Júnior eterno”, “Vamo vamo Chape” e cantando o hino do Tricolor.
“O Caio é um ídolo do Paraná Clube, da torcida, e até hoje, mesmo longe do Paraná, ele sempre fala do clube. Então é uma forma de homenagear a família. Ele foi embora, mas vai estar sempre com a gente”, disse o torcedor André Luis da Silva.
Ao longo de praticamente uma hora e meia de missa, muitas vezes foi difícil de conter o choro e a emoção. A todo momento tinha alguém olhando o caixão, que estava sob as bandeiras do Paraná Clube e da Chapecoense.
Amigo pessoal há mais de 20 anos do treinador, o padre Gabriel Figura, que celebrou a missa, se emocionou muito ao falar do companheiro, mas soube explicar bem ao tentar confortar os que estavam presentes do motivo do técnico de 51 anos ter partido.
“Deus leva primeiro os bons, para deixar os malvados por aqui mais tempo para que eles possam melhorar. Só vai para o céu quem já está pronto”, disse ele.
Ao término da missa, uma salva de palmas foi feita em homenagem ao técnico, com todas as pessoas de pé na igreja, assim como quando o caixão foi levado embora. Da Igreja dos Passarinhos, a urna foi levada até o Crematório Vaticano, onde na tarde deste domingo, após uma cerimônia fechado, o corpo de Caio Júnior será cremado.
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