Como era de se esperar, as rádios curitibanas com programação esportiva espernearam contra a cobrança imposta pelo Atlético. As emissoras praticamente descartaram pagar o valor exigido e estudam outros meios judiciais para transmitir as partidas ou até deixar de levá-las ao ar.
O diretor da Transamérica Curitiba, Rogério Afonso, lembra que os R$ 456 mil que o Atlético cobra pelos 38 jogos do Brasileirão é quase o triplo dos R$ 170 mil desembolsados pela transmissão da Copa do Mundo de 2006. ?Muitas emissoras não faturam R$ 10 mil por mês. Não há qualquer procedência financeira. O mais absurdo é privar a torcida de saber o que ocorre com seu time?, falou, classificando a decisão de arbitrária. ?Não fomos procurados para discutir o assunto?, disse.
O diretor do sistema Globo/CBN, Ely Thomaz de Aquino, também acha o valor inviável para as rádios. ?Precisamos dos clubes e os clubes precisam de nós. Quando o Atlético vendeu o nome do estádio para a Kyocera, divulgamos o nome da empresa sem receber nada por isso?, exemplificou. A exemplo de Afonso, ele defendeu uma união das rádios para que uma medida única seja tomada.
Para o diretor de esportes da Rádio Banda B, Marcelo Ortiz, o valor que Atlético poderia lucrar é menor que as perdas. ?É um marketing às avessas. Coritiba e Paraná têm os mesmos direitos e passariam a ter prioridade. O mesmo vale para jogos em outros estados, onde o nome do Atlético deixaria de ser falado?, acredita.
O presidente do Sindicato das Empresas de Radio e Televisão do Paraná, Roberto Lang, lembrou que uma tentativa semelhante de cobrança pelo Campeonato Catarinense de 2008 caiu na Justiça. ?É preciso saber a competência do Atlético em cobrar por jogo com mando do adversário?, falou.
O presidente da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Daniel Pimentel Slaviero, disse que a cobrança é ilegal por ferir a Lei Pelé. ?A lei só trata do direito de imagem, não de transmissão radiofônica. A própria CBF determina em seus regulamentos que não deve haver este tipo de cobrança. Outras iniciativas nesse sentido não vingaram no País por falta de respaldo na Justiça?, falou. Ele afirma ainda que a entidade, em conjunto com a Associação das Emissoras de Radiodifusão do Paraná (AERP), tentará abrir diálogo com o Atlético numa tentativa de reverter a decisão. Se não houver acordo, o caminho seguinte é o ajuizamento de ação judicial.