Cortado da seleção brasileira, o volante Emerson não faz mais parte, pelo menos oficialmente, da delegação que está na Ásia para a disputa da Copa do Mundo da Coréia do Sul e do Japão. Mesmo assim, o jogador, que até ocorrer a contusão no ombro direito que o afastou do Mundial era o capitão do time, decidiu continuar com o grupo. A idéia inicial é que sua volta para o Brasil aconteça somente depois que a primeira fase esteja encerrada.
Embora diga abertamente que o convívio com os demais jogadores é interessante na véspera e no momento dos jogos, o ex-capitão não esconde que acompanhá-los no dia-a-dia, durante os treinamentos, é uma tarefa árdua. “Nessas horas, longe da expectativa do jogo, é mais difícil agüentar essa situação de não poder fazer nada e só ficar olhando”, explicou. No entanto, depois de conversar muito com integrantes da comissão técnica e, sobretudo, com os demais jogadores, Emerson concluiu que sua permanência entre os atletas é importante.
Foi desse episódio que tirou forças para superar aquelas que, com certeza, foram as 24 horas mais difíceis de sua carreira. O início aconteceu no fim da tarde de domingo, quando o seleção fazia o reconhecimento do gramado do Estádio Munsu, local do jogo de estréia contra a Turquia, vitória brasileira por 2 a 1. Quando o técnico Luiz Felipe Scolari questionou os jogadores titulares sobre quem se disporia a ir para o gol em uma situação emergencial de um goleiro ser expulso ou se machucar depois de as três substituições terem sido realizadas. “Eu me ofereci para o trabalho”, disse o jogador. Poucos minutos depois, Emerson saltou despretensiosamente para uma defesa, caiu errado e fraturou o ombro.
Dia negro
A partir daí, o então capitão da seleção viveu sua agonia. Já no estádio foi notificado pelo médico José Luiz Runco que seu problema era mais sério do que se imaginava. “O doutor foi super sincero comigo. No primeiro momento pensei se tratar de uma contusão que pudesse recuperar, mas depois percebi que não era assim”, observou, já com a tipóia no braço. “Doeu muito, mas vou estar com eles (demais jogadores) enquanto tiver forças.” Já no hotel, Emerson foi avaliado por médicos da Fifa. Atestou-se que suas condições clínicas eram comprometedoras.
Com base nessa conclusão, a entidade permitiu a convocação de um novo jogador, no caso, o meia Ricardinho, do Corinthians, que é aguardado na manhã desta terça-feira (horário de Brasília), em Ulsan. “Quero aproveitar para dar um força para o Ricardinho e desejar para ele toda a sorte do mundo”, disse.
Durante a noite, teve dificuldade para dormir. A frustração de ver um sonho perdido não o deixava relaxar. Emerson se conteve até horas antes do jogo de estréia, quando falou com os jornalistas. Durante sua entrevista, não conseguiu conter as lágrimas e sucumbiu. O encontro teve de ser interrompido. “Para mim tem sido muito difícil falar. É muito duro chegar à seleção, me tornar capitão e depois ter uma tragédia dessa”, lamentou.
Fifa confirma inscrição de Ricardinho
A Fifa confirmou, por meio de um comunicado oficial, que aceitou a substituição do volante Émerson pelo meia Ricardinho, como havia solicitado a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Assim, o jogador do Corinthians terá sua incrição na seleção brasileira.
Ricardinho viajou na noite de domingo para a Coréia do Sul. E chegou na tarde de hoje (madrugada no horário brasileiro). Ele estará à disposição do técnico Luiz Felipe Scolari apenas para o segundo jogo, contra a China, no próximo sábado.
Felicidade
A festa na casa dos familiares do meia corintiano Ricardinho, 26 anos, começou logo depois da missa dominical, da qual participou na Igreja Nossa Senhora Aparecida, em Curitiba. A esposa o avisou pelo telefone e ele retornou à igreja, quando chorou ao agradecer pela oporutnidade e pela recuperação de Emerson. “Fiquei triste, porque conheço o Emerson e imaginei o que ele deveria estar sentindo”, disse. Mas entende que tem uma missão na Coréia e no Japão. “Isso faz parte da minha profissão e sou consciente das situações e das coisas.”
Ricardinho disse estar em boa forma física e se dispõe a jogar na posição que o técnico Luiz Felipe Scolari quiser. “Se precisar jogo de volante, de meia, de atacante, não importa”, registrou. “O importante é ajudar a seleção e ter disposição”, disse.